Ata do Copom: prolongamento do ciclo de aperto monetário?

No Radar do Mercado: documento divulgado hoje reconheceu que uma deterioração adicional das expectativas de inflação pode levar a um prolongamento do ciclo de aperto de política monetária

Por Itaú Private Bank

5 minutos de leitura

A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) foi divulgada nesta terça-feira. O documento trouxe mais detalhes do encontro em que os membros tomaram a decisão unânime de elevar a taxa Selic em 0,50 ponto percentual, para 11,25% ao ano.

O documento apontou que o cenário internacional permanece desafiador, com destaque para a incerteza sobre os ritmos da desaceleração econômica e da desinflação nos EUA e, consequentemente, sobre a postura a ser adotada pelo Federal Reserve (Fed, banco central americano). Além disso, o comitê reiterou a menor sincronia nos ciclos de política monetária entre os países, o que segue exigindo cautela por parte de países emergentes.

Já no âmbito doméstico, o dinamismo da atividade econômica, a inflação corrente acima da meta, as expectativas de inflação desancoradas e a depreciação recente do câmbio foram citadas como fatores que tornam a convergência da inflação à meta mais desafiadora. O cenário fiscal doméstico também foi debatido, reforçando que a sustentabilidade das regras fiscais é um elemento importante para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de riscos dos ativos financeiros.

A ata do Copom indicou ainda a possibilidade de prolongamento do ciclo de aperto monetário se as expectativas de inflação continuarem a se deteriorar. Também sinalizou que a manutenção de um ritmo de 0,50 p.p. é apropriada, considerando as condições econômicas atuais e as incertezas prospectivas. Nesse sentido, por ora, o comitê parece inclinado a manter o ritmo atual de aperto, reiterando ainda seu compromisso de convergência da inflação à meta.

Nossa visão: acreditamos que as condições econômicas e expectativas de inflação – que dependem de importantes decisões fiscais à frente – possam exigir uma aceleração do ritmo da alta nos juros em breve.

Vendas no varejo avançam menos do que o esperado em setembro

As vendas no varejo ampliado avançaram 1,8% em setembro na comparação mensal, em linha com nossa previsão (1,4%), mas abaixo da expectativa do mercado (2,3%). As vendas no varejo restrito (que desconsidera veículos, motos, partes e peças, além de material de construção), por sua vez, subiram 0,5% na comparação com o resultado de agosto, que foi revisado ligeiramente para cima (-0,2%). A leitura veio abaixo da nossa previsão e do esperado pelo mercado (1,0% e 1,4%, respectivamente).

Dos 10 setores analisados, 6 avançaram e 4 contraíram na margem. O destaque positivo foi "automóveis e peças", enquanto "móveis e eletrodomésticos” tiveram a maior contração.

No terceiro trimestre de 2024, as vendas do varejo restrito expandiram 0,3% na comparação trimestral com ajuste sazonal, enquanto as vendas ampliadas expandiram 1,0% no mesmo comparativo.

Nossa visão: os dados divulgados hoje corroboram a nossa expectativa de alguma desaceleração econômica no terceiro trimestre deste ano.

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