Acordo comercial volta a viabilizar comércio entre China e EUA; no Brasil, serviços crescem abaixo do esperado
No Radar do Mercado: estudo mostra o patamar que inviabilizaria comércio entre China e EUA e os possíveis impactos para o Brasil e o resto do mundo. Enquanto isso, IBGE divulga volume de serviços de março com crescimento moderado
Por Itaú Private Bank
Tarifas: qual o patamar que inviabiliza o comércio entre EUA e China?
A guerra comercial, que acabou se concentrando sobretudo entre EUA e China, elevou as tarifas entre os países para um patamar que inviabilizou o comércio entre eles. Mas qual o nível de tarifas entre EUA e China que equivale, na prática, a um embargo?
As simulações feitas pela equipe de macroeconomia do Itaú BBA indicaram que tarifas de importação entre 50% e 60%, em ambas as direções, representam o limiar a partir do qual cessa praticamente todo o fluxo comercial entre os dois países. Abaixo disso, as exportações dos EUA são mais sensíveis às tarifas do que as da China.
Nesse cenário, México, Canadá, países do Sudeste Asiático e Alemanha seriam os principais beneficiários em potencial do redirecionamento do comércio. Já o Brasil figuraria entre os 12 maiores beneficiados. Sob uma tarifa de mais de 60% entre EUA e China, as exportações brasileiras podem crescer até US$ 15,8 bilhões em 2026 (em relação ao cenário sem tarifas). Cerca de 75% desse ganho viria de exportações adicionais para a China e 25% para os EUA.
Contudo, nas condições atuais, onde um acordo entre as partes reduziu as tarifas americanas sobre os produtos chineses para 40% – sendo 30% de agora e 10% criados ainda durante o primeiro governo Trump – e as tarifas chinesas sobre produtos americanos para 10%, os ganhos potenciais para o Brasil são consideravelmente menores. Ainda assim, o impacto líquido estimado é positivo, ou seja, os ganhos com redirecionamento comercial ainda superam as perdas potenciais com as tarifas de 10% que os EUA estão aplicando sobre produtos brasileiros.
Setor de serviços cresce menos que o esperado em março
O volume de serviços do Brasil avançou 0,3% em março, desacelerando em relação ao 0,8% registrado em fevereiro, segundo dados da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) divulgada nesta quarta-feira, 14, pelo IBGE. O resultado veio abaixo da projeção do mercado, de 0,5%. Em relação a março de 2024, na série sem ajuste sazonal, o volume de serviços subiu 1,9%, também abaixo da nossa previsão (2,1%).
A variação positiva foi impulsionada por três dos cinco segmentos pesquisados. “Transportes” cresceram 1,7%, registrando a segunda alta mensal seguida e acumulando alta de 2,2% em 12 meses. “Serviços profissionais, administrativos e complementares” (0,6%) e “serviços prestados às famílias” (1,5%) também expandiram no mês e acumulam alta de 1,9% e 1,8% em 12 meses, respectivamente. O setor de “informação e comunicação” (-0,2%) registrou a única taxa negativa entre os grupos pesquisados, enquanto “outros serviços” ficou estagnado.
Nossa visão: o resultado do volume de serviços divulgado hoje reforça nosso cenário de crescimento forte no 1º trimestre. Apesar de o número cheio ter vindo abaixo das expectativas, o forte resultado do setor de “serviços prestados às famílias”, importante no monitoramento do consumo das famílias, introduzem um viés de alta no nosso tracking do 1T25 do PIB.
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