Treinar dá sorte
TenisVesting: entenda o papel da sorte e do azar nos mercados e nas quadras e a melhor estratégia para lidar com esses eventos
Por Andrea Masagão Moufarrege, Team Leader - Investment Funds Specialists
De repente, recebo um e-mail do Fernando Henrique Miguez (FH) que atua como Banker no Itaú Private Bank em Belo Horizonte com uma relação perfeita para o TenisVesting. 📈 🎾
Ele assistiu, assim como eu e mais 1,7 milhão de pessoas, o discurso do Roger Federer aos formandos de Dartmouth em junho de 2024. Como excelente analista de mercado que é, notou que a proporção de apenas 54% dos pontos ganhos ao longo da carreira do Federer bate exatamente com os 54% de dias de alta no S&P desde 1929. Se pensarmos que dias de mercado podem ser comparados com pontos e meses com jogos é possível concluir que o Federer ganharia até do S&P 500. Ele ganhou cerca de 80% dos jogos de simples pela ATP em sua carreira e o S&P 500 teve retorno positivo em 62% dos meses desde 1929.
📈 🎾 Ele tem usado esse paralelo nas conversas com clientes para ajudar a mostrar como a expectativa de retorno dos portfólios melhora quando o horizonte de tempo de investimento se alonga usando o gráfico abaixo e comparando com o ponto que o Federer frisa em seu discurso lembrando que os melhores não são os melhores porque ganham todos os pontos, mas porque sabem que vão perder, aprendem a lidar com isso, melhoram com o tempo e não desistem. Perfeito TenisVesting!
Convidei então o FH para explorarmos um outro tema que a observação dele remete. As proporções de 54% que ele encontrou serem exatamente iguais seriam uma coincidência aleatória?
Concluímos que sim e passamos a explorar o papel da sorte ou azar nas quadras e nos mercados.
📈 Para ter uma abordagem mais objetiva usamos a referência do excelente texto do Morgan Housel “Lucky vs. Repeatable”. De início, ele já indica que a sorte desempenhou um papel importante em diversos eventos no mundo ao longo do tempo. Reconhece ainda que quando alguém atribui sorte a um evento de sucesso parece invejoso e quando atribui sorte ao seu próprio sucesso reduz seu próprio mérito.
📈 🎾 Para fugir dessa armadilha ele define um evento de sucesso obtido com base apenas na sorte como um evento que não pode ser replicado. Incentiva a busca pelo sucesso replicável nos investimentos contando muito menos com a sorte e mais com a disciplina de horizonte de longo prazo e criação de poupança frequente para alimentar o poder do reinvestimento (compounding). Notem a semelhança dessa abordagem com a lição que o Federer transmite em seu discurso quando reforça que o sucesso sem esforço é um mito (Effortless is a myth). A técnica perfeita que ele treinou obstinadamente para atingir criou uma forma de jogar que parece não exigir esforço. Indicou ainda o quanto sentia-se mal quando recebia esses comentários que ignoravam seu treino e dedicação. Os treinos são replicáveis, e ele treinou muito. Quanto mais treino, mais a sorte aparece na quadra ao longo do tempo.
Porém, a sorte, assim como os riscos extremos, certamente não podem ser ignorados e desempenham sim um papel decisivo em eventos pontuais. Um ponto na quadra pode mudar completamente se a bola bate na fita da rede e entra na quadra em uma direção completamente diferente. Não é à toa que o protocolo indica que o tenista se desculpe quando isso acontece, visto que o tênis é um jogo que valoriza o mérito.
A trajetória em um torneio pode ser muito diferente dependendo de como o sorteio da chave se dá. Jogar contra um grande jogador na primeira rodada por azar certamente reduz as chances de se atingir a segunda rodada e assim por diante. Mesmo o perdedor sortudo de um qualifying pode ter a oportunidade de entrar na chave principal em caso de lesões ou desistências dos jogadores qualificados. Desde 1978, há registros de mais de 10 lucky losers terem sido campeões de torneios da ATP ou WTA.
📈 Nos mercados, um dos tipos de estratégia mais sujeitas a sorte ou azar para construir performance é chamada de “Market Timing”. Nela o investidor tenta acertar o ponto mais baixo no ciclo de preços para comprar e o mais alto para vender. Dificilmente acerta recorrentemente, pois fica sujeito a fatores aleatórios. Uma boa alternativa para entrar ou sair no mercado reduzindo o risco de concentrar toda a aleatoriedade no mesmo dia é a chamada “averaging in or out”, em que se estabelece antecipadamente o volume e datas específicas para operar. Podem ser divididas em 4 dias, 4 semanas ou 4 meses, por exemplo, dependendo da urgência da implementação. Assim, o preço médio converge mais a uma tendência de prazo mais longo e se afasta de momentos não replicáveis e mais aleatórios.
A pergunta que fizemos ao final da análise foi: qual será a melhor estratégia para lidar com eventos de sorte ou azar nos mercados e na quadra?
📈 🎾 E a resposta veio do mesmo discurso do Federer no trecho em que ele frisa a importância de estar totalmente presente em cada ponto, com o maior esforço e foco possível, e aceitar o resultado qualquer que seja, mesmo que positivo por sorte ou negativo por azar. Concluímos que dar o real valor a cada resultado e não sobrevalorizar o papel da sorte ou azar dá mais força na jornada de estudo e pesquisa nos mercados e de treinos na quadra para atingir os melhores resultados no longo prazo.
Play! 🎾 E se a sorte vier, que seja muito bem-vinda…🍀
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