O que fazer quando as dívidas apertam: estratégias para sair de uma situação moderada de comprometimento de renda
Por Itaú

Seu endividamento já passou de uma situação contornável? Você está se sentindo em uma bola de neve de dívidas? Seu nome fica sujo, você consegue limpar, depois volta para a mesma situação? Se esse é seu caso, este artigo é para você.
Em nosso artigo de como organizar suas finanças, já falamos sobre as boas práticas para gestão financeira e demos dicas do que pode ser feito para se recuperar diante de um quadro de comprometimento de renda moderado , quando não está mais sendo possível fechar o mês no verde, porque as dívidas ocupam uma grande parte do orçamento. Mas e quando as dívidas apertam de tal forma que, mesmo com ajustes nos gastos mensais, não se enxerga uma saída, pode ser que os primeiros cortes e remanejamentos de gastos aplicados no orçamento não sejam suficientes.
Primeiro passo: Fazer um diagnóstico financeiro
Em qualquer situação financeira que você se encontre, é importante estudar como está seu orçamento antes de aplicar um plano de ação. Lembre-se de que a nossa relação com o dinheiro não é puramente racional: também é influenciada por questões psicológicas e sociais, como negação, ilusão de controle, conjuntura socioeconômica e nível de educação financeira.
Então, ter um diagnóstico das suas contas e receitas em mãos é fundamental para conseguir traçar uma estratégia para sair do quadro de endividamento que se baseie em dados objetivos.
A ideia aqui é registrar e analisar todos os seus rendimentos e gastos mensais, fazendo um levantamento das suas dívidas atuais. Inclua nesse registro, por exemplo, as modalidades de crédito que já contratou, o valor total devido, os encargos e o prazo de pagamento. Há softwares, aplicativos e serviços que facilitam esse registro, mas, se optar por fazer isso manualmente, uma boa forma é listar:
- Suas fontes de renda: salários, rendimentos de investimentos, pensões, entre outros.
- Suas despesas: todos os custos mensais, fixos e variáveis. Uma forma de facilitar a identificação, futuramente, de quais podem ser cortados, é separá-los por categorias, como:- Despesas essenciais (aluguel, alimentação, transporte e etc.); e Não essenciais (lazer, assinaturas de streaming, refeições fora de casa e etc.).
- Um detalhamento das dívidas: registre para cada dívida, o tipo de crédito utilizado (cartão de crédito, empréstimo pessoal, limite da conta, etc.), especificando o valor total devido, os encargos e o prazo para pagamento.
Segundo passo: Priorização de dívidas - traçando suas metas
A partir do estudo da sua situação financeira atual, que te dará um diagnóstico financeiro, é possível começar a traçar seu plano de ação para sair do quadro de endividamento excessivo. Esse plano visa alcançar metas financeiras e o ideal é que a primeira dela seja o pagamento ou a negociação de cada uma das dívidas.
Estabelecer metas claras é importante para direcionar para onde vai o dinheiro assim que ele entrar na sua conta, evitando que você "se perca" com outros gastos. E elas vão ser criadas a partir do entendimento de quais dívidas devem ser priorizadas.
Traçar um plano para a quitação das dívidas ajuda a orientar seus esforços de forma objetiva, o que pode trazer mais tranquilidade - já que olhar para a soma do valor total devido, sem saber por onde começar, pode causar ansiedade, vergonha, desespero, entre outras emoções que podem prejudicar ainda mais sua qualidade de vida.
Assim, após ter feito o primeiro passo, você deve: calcular o custo mensal das dívidas. E como você faz isso?
Você pode fazer a gestão do que está devendo utilizando estratégias abaixo com o propósito de reduzir o valor a ser pago ou de simplificar a quitação. Elas devem ser consideradas caso a caso, a depender dos recursos que você ainda tem para utilizar. Algumas delas são:
- Negociar as dívidas: insira em seu estudo financeiro, qual foi o valor inicial de cada uma das suas dívidas, antes de aplicados os encargos. Isso é importante para entender o que negociar primeiro, assim que tiver dinheiro em caixa. A dica é priorizar as dívidas que possuem um valor mais baixo, ou até mesmo com juros mais altos.
- Estudar a possibilidade de consolidação das dívidas: em alguns casos, consolidar várias dívidas em um único empréstimo com uma taxa de juros mais baixa pode ser uma boa estratégia, já que isso simplifica o pagamento e pode reduzir os custos totais.
- Aproveitar os "feirões" de negociação de dívidas que algumas entidades financeiras oferecem: diante de um quadro em que mais de um terço dos brasileiros estão inadimplentes, de acordo com a Serasa (2024), essas ações têm a função de "limpar o nome" das pessoas, oferecendo condições mais facilitadas para o pagamento de dívidas. Vale ficar sempre por dentro e se programar financeiramente para aproveitar essas oportunidades.
Uma última dica importante quando se está fazendo a gestão de dívidas é: não inicie acordos que não poderá arcar, como parcelas muito altas ou que não considerem os gastos dos meses seguintes que também se somarão a estas parcelas. Isso quer dizer que só vale se comprometer com uma negociação ou pagamento de dívida a partir do estudo do seu orçamento e da possibilidade de honrar este compromisso, para que você não entre, novamente, em uma bola de neve.
Terceiro passo: Reduzindo as despesas - por onde começar?
Com as primeiras metas traçadas, o plano de ação para sua recuperação financeira pode ser iniciado. Ele será o conjunto de estratégias que você utilizará para alcançá-la, ou seja, para conseguir quitar suas dívidas, uma a uma, e, no futuro, poder viver de forma menos apertada.
No artigo voltado a pessoas com nível leve de comprometimento de renda, demos algumas dicas que servem para começar essa reestruturação. Você pode partir delas, mas, caso esteja em uma situação mais apertada, o ideal é fazer uma mudança mais significativa no seu modo de gerir as finanças para que seja possível se recuperar em um menor espaço de tempo.
Uma das primeiras ações indicadas para iniciar um corte de gastos no orçamento é, por exemplo, fazer pequenos ajustes nos hábitos de vida com o foco na redução de custos.
Geralmente, esse exercício começa por identificar gastos desnecessários - ou relacionados ao consumo de produtos e serviços menos úteis no seu dia a dia.
Por isso, muitas pessoas, quando estão passando por uma situação dessas, acabam cortando inicialmente despesas como lazer e diversão. Isso pode acabar prejudicando ainda mais sua qualidade de vida, que já está afetada pela situação de endividamento.
Tenha em mente que o mais importante aqui, então, é saber balancear. Você não precisa eliminar o lazer da sua vida, mas pode encontrar opções mais em conta ou mesmo gratuitas.
Outra ação importante dentro de uma estratégia de redução de custos é checar quais serviços você consome ou assina e não aproveita inteiramente: aplicativos, serviços de vídeos por assinatura (streamings), planos de internet ou telefonia que podem ser substituídos por opções mais baratas. Ou ainda hábitos de alimentação, como pedidos de delivery, que podem ser melhor alinhados com suas condições atuais.
Quarto passo: Economizando nas despesas fixas
Quando falamos de serviços considerados essenciais, fica mais difícil enxergar a possibilidade de cortes de gastos. Mas é, sim, possível economizar fazendo um bom controle desses custos. Quer um exemplo? A sua conta de luz.
Você pode identificar no seu dia a dia se há a possibilidade de consumir menos energia elétrica mudando hábitos, como o de deixar luzes acesas em cômodos desocupados ou ainda utilizando eletrodomésticos de forma mais eficiente - desligar aparelhos eletrônicos quando não estão em uso, por exemplo, pode resultar em uma economia significativa na conta.
Assim como com a energia elétrica, há outras despesas básicas em que é possível economizar. Por exemplo:
- Aluguel: converse com seu locador sobre a possibilidade de redução do valor do aluguel ou um desconto temporário.
- Plano de saúde / seguro: se você contrata plano de saúde, verifique com um especialista na área se há opções mais baratas para uma cobertura adequada ao seu perfil.
- Compras no mercado: planeje suas compras com antecedência, fazendo uma lista e procurando segui-la, para evitar compras por impulso; aproveite promoções semanais e compare sempre preços em diferentes mercados.
Quinto passo: Avalie alternativas para aumentar sua renda
Caso as técnicas para economizar e reduzir os gastos não sejam suficientes para implementar seu plano de ação de pagamento de dívidas, pode ser necessário estudar uma possibilidade de aumentar a sua renda, complementando o orçamento e garantindo uma recuperação financeira mais rápida.
Algumas formas de fazer isso é realizando trabalhos temporários ou como freelancer ou ainda vendendo itens que não usa mais. Essa estratégia, porém, deve ser adaptada à sua realidade e seus recursos.
É importante lembrar que essa é uma possibilidade válida, mas que nem todas as pessoas têm uma rotina em que consigam assumir mais responsabilidades. Avalie bem seu momento atual para tomar essa decisão.
Sexto passo: Reorganize seu orçamento com frequência
De tempos em tempos, faça uma lista e veja como estão seus gastos, se aumentaram ou diminuíram e se tem algo que precisa de atenção, como um mês que tenha exigido mais do seu orçamento e tenha deixado você no negativo. Assim, é possível se organizar para no mês seguinte deixar as contas em dia novamente.
Muito bem! Com essas estratégias, você está no caminho para recuperar o controle de suas finanças e trabalhar para sair da situação de excesso de endividamento.
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