Como organizar suas finanças e manter o comprometimento de renda sob controle
Por Itaú

Se você está lendo este artigo, é provável que esteja se sentindo um pouco sobrecarregado (a) com suas finanças, talvez tenha percebido que suas dívidas estão começando a comprometer o seu orçamento mensal, que algumas contas estão ficando mais difíceis de pagar e, quem sabe, já esteja até precisando abrir mão de pequenos prazeres e necessidades diárias.
Quando chegamos a uma situação em que não há reserva para uma emergência; em que é preciso fazer uso frequente de mais de um produto de crédito por vez, como o limite da conta, o rotativo do cartão e o crédito pessoal, por exemplo; e não se consegue fazer um planejamento financeiro efetivo, é preciso começar a agir para não entrar em uma bola de neve de dívidas, comprometendo ainda mais seu bem-estar.
A boa notícia é que, antes de chegar a um quadro grave de endividamento e inadimplência, há caminhos acessíveis para uma recuperação. Vamos explorar algumas dessas estratégias abaixo?
Identificando seu nível de comprometimento de renda
Independentemente do seu rendimento mensal, reconhecer o quanto antes que você está em uma situação de comprometimento de renda é o primeiro passo para a recuperação. Mas como fazer isso?
Comece registrando e analisando todos os seus rendimentos e gastos mensais e fazendo um inventário das suas dívidas atuais. Inclua nesse inventário, por exemplo, os modelos de crédito que já contratou, o valor total devido, a taxa de juros e o prazo de pagamento. Veja abaixo um exemplo prático de como fazer essa análise:
- Renda: liste aqui todas as fontes de renda, como salários, rendimentos de investimentos, pensões, entre outros. Para nossa simulação, vamos supor que a sua renda atualmente seja de R$ 5.000.
- Despesas: anote todas as despesas mensais. Uma forma de facilitar a identificação, futuramente, de quais podem ser cortadas, é separá-las por categorias, como, por exemplo:
- Despesas essenciais: aluguel, alimentação, transporte
- Não essenciais: lazer, assinaturas de streaming, refeições fora de casa
Em nossa simulação, vamos imaginar os seguintes gastos:
Despesas essenciais:
- Aluguel: R$ 1.800
- Alimentação: R$ 1.000
- Transporte: R$ 400
- Contas de serviços (água, luz, internet): R$ 500
Despesas não essenciais:
- Lazer: R$ 400
- Assinaturas de streaming: R$ 100
- Refeições fora de casa ou delivery: R$ 300
• Inventário detalhado das dívidas: para cada dívida, registre o tipo de crédito (cartão de crédito, empréstimo pessoal, cheque especial), o valor total devido, a taxa de juros anual e o prazo de pagamento.
Com esses registros já é possível calcular o nível de comprometimento de renda em você que se encontra. Com base nos valores utilizados no exemplo acima, podemos fazer o seguinte cálculo:
Total de renda mensal: R$ 5.000
Despesas essenciais: R$ 3.700 (R$ 1.800 + R$ 1.000 + R$ 400 + R$ 500)
Despesas não essenciais: R$ 800 (R$ 400 + R$ 100 + R$ 300)
Total de despesas: R$ 4.500 (R$ 3.700 + R$ 800)
Total de dívidas mensais (considerando o pagamento mínimo de cada dívida):
Cartão de crédito (15% ao mês sobre R$ 4.000): R$ 600
Empréstimo pessoal (5% ao mês sobre R$ 12.000): R$ 600
Cheque especial (10% ao mês sobre R$ 3.000): R$ 300
Total mensal de dívidas: R$ 1.500 (R$ 600 + R$ 600 + R$ 300)
Total de comprometimento mensal:
R$ 4.500 (despesas) + R$ 1.500 (dívidas) = R$ 6.000
Saldo final:
R$ 5.000 (renda) - R$ 6.000 (despesas + dívidas) = -R$ 1.000 (déficit)
Desta forma, é possível entender melhor a sua situação financeira, calculando o quanto de sua renda está sendo direcionada para o pagamento de dívidas e como isso está impactando na sua capacidade de cobrir outras despesas essenciais. Assim, fica mais fácil criar um plano de ação para sair da situação de endividamento.
Como criar um plano de ação para recuperação financeira?
O plano de ação é a estratégia que você usará para melhorar sua saúde financeira, como cortar gastos e renegociar suas dívidas. Em um nível de comprometimento leve de renda, seu plano de ação pode incluir medidas como:
Reduzir despesas não essenciais
Esta é uma das primeiras ações indicadas para sair de uma situação de comprometimento de renda elevado, já que pequenos ajustes nos seus hábitos podem ajudar a liberar recursos significativos para o pagamento de dívidas. Para isso, procure ter uma visão objetiva, baseada no que é mais útil para o seu dia a dia. Vamos ver como isso funcionaria na prática?
Utilizando valores fictícios, imagine que reduzindo as refeições fora de casa ou os pedidos de delivery você conseguiria economizar R$200 por mês. Que, cancelando assinaturas de serviços ou aplicativos que você não utiliza, economize R$90 por mês. Que controlando compras por impulso ou optando por marcas mais econômicas fosse possível gastar menos R$100 do que de costume. E que, reduzindo alguns gastos com lazer, como, por exemplo, ingressos de cinema, viagens e eventos, você consiga economizar R$120 por mês. Pode parecer pouca coisa, mas, quando se fecha a conta, utilizando esses valores como exemplo, você já teria uma economia total de R$500 no seu orçamento.
Analisar possibilidades de economia nas despesas fixas
Outra ação que gera bom resultado é buscar por novos planos de internet ou de telefone que sejam mais adequados para o seu perfil de uso. Avalie se você realmente precisa de um pacote com alta velocidade, por exemplo, ou se está pagando por serviços que não utiliza.
Conheça os planos disponíveis e entenda o que melhor se encaixa no seu uso cotidiano: se você acessa a internet basicamente para navegação e redes sociais, um plano de menor velocidade e custo pode ser suficiente. Verifique também se há pacotes promocionais ou planos familiares que ofereçam melhores condições.
Além disso, cheque se há outros gastos fixos relacionados a serviços que são subutilizados por você. Por exemplo, talvez você esteja pagando por serviços de streaming ou por canais de TV a cabo que raramente assiste.
Renegociar ou liquidar dívidas:
Já vimos em conteúdos anteriores como a negociação de dívidas é uma prática comum e que pode ser muito efetiva para que se consiga quitar os valores com condições facilitadas, evitando uma "bola de neve" de endividamento da qual você não consiga sair facilmente.
Sabendo disso, veja se nas suas dívidas atuais há possibilidades de negociação ou condições facilitadas para o pagamento.
Aqui também cabe utilizar a estratégia de transferir uma dívida com taxas maiores para uma instituição com melhores condições, conhecida como portabilidade de crédito. Outra alternativa é trocar uma linha de crédito com juros mais altos por uma com juros mais baixos, como pegar um consignado para quitar o rotativo, por exemplo, ou fazer o parcelamento da fatura ao invés de pagar o mínimo, observando as condições que fazem sentido no seu orçamento.
Se tiver algum dinheiro disponível, você pode negociar um desconto para quitar sua dívida à vista. Se isso não for possível, opte por um parcelamento com menor prazo, mas que ainda caiba no seu orçamento: essa ação reduzirá o total de juros pagos.
Tenha como meta a construção de um fundo de emergência
Com a economia gerada a partir de um plano de ação adequado para sua situação financeira, é possível caminhar para fechar o mês em dia e começar a juntar o dinheiro que sobra para a criação de uma reserva de emergência - que, idealmente, cubra de três a seis meses de suas despesas.
Com essa meta cumprida, você terá menos chances de entrar em uma situação de endividamento excessivo ou inadimplência no futuro, já que uma reserva de emergência funciona como uma segurança para te ajudar a lidar com situações inesperadas sem recorrer ao uso do crédito.
Tenha tranquilidade e entenda que o caminho para a estabilidade financeira começa com pequenos passos, mas que, com consistência, você pode alcançar uma vida financeira saudável e equilibrada.
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