Entenda o que é inflação e as causas do seu aumento

Por Itaú Empresas

8 minutos de leitura
Mão de um homem calculando uma inflação em seu negócio
Mão de um homem calculando uma inflação em seu negócio

A inflação já foi um mal muito temido no Brasil. E não é para menos, pois praticamente toda a população sofria com a perda do poder de compra de seu dinheiro. Veio o equilíbrio fiscal e a situação mudou. Porém, de tempos em tempos a inflação aumenta e isso preocupa bastante.

Para que você fique mais bem informado, o artigo a seguir traz informações a esse respeito. Ao ler o texto, você entenderá o conceito de inflação, saberá quais são os seus tipos, suas causas e o que fazer para se proteger de épocas de alta inflacionária.

O que é inflação?

A inflação é um indicador que mostra um aumento no preço de produtos e serviços. No entanto, é importante notar que essa concepção não se refere ao aumento de apenas um item ou produto específico, mas sim à média da grande parte dos bens e serviços tomados ao longo de um dado período.

Um grupo de itens nessa listagem é denominado de cesta de bens. Cada indicador utiliza uma cesta distinta para medir o cálculo da inflação. Assim, cada indicador tem uma finalidade distinta e, por isso, existem índices para uma análise mais generalizada dos custos da economia, a exemplo de índices para análise setorial.

A inflação também é calculada de forma ponderada para cada produto do orçamento familiar. Em outras palavras, os indicadores não consideram apenas a volatilidade dos preços de commodities individuais, mas, também, a importância de cada mercadoria no consumo do povo.

Para exibir o peso de cada elemento no índice de inflação, suponha que o preço do feijão aumente 1% durante um período especificado. Há também o mesmo crescimento no item de vestuário. Em um cenário dessa natureza, o impacto do aumento do feijão será bem maior na taxa inflacionária, já que seu peso é maior no orçamento das famílias do Brasil.

Quais são os diferentes tipos de inflação existentes?

Certamente, não há apenas uma modalidade de inflação. Ela pode se apresentar de inúmeras formas. As principais são apresentadas a seguir em uma explicação mais detalhada. Acompanhe e entenda os tipos de inflação existentes, a começar por um mal que já assolou o Brasil certo tempo atrás.

Hiperinflação

Hiperinflação significa uma taxa de inflação que é considerada muito acima do aceitável. Não há uma medida predeterminada para quando um país alcança a hiperinflação, mas, geralmente, isso acontece quando esse índice está totalmente fora do controle.

Além dos preços elevados, esse cenário causa uma redução significativa do poder de compra da moeda local, o que pode levar à recessão. A hiperinflação já atingiu várias nações por todo o mundo. Seja na economia brasileira dos anos 80 ou no caso da Alemanha nos anos 20, logo depois da Primeira Guerra Mundial.

Custo

A pressão inflacionária causada por custos acontece quando a demanda de um determinado país se mantém constante, mas os gastos de fabricação das empresas crescem. Essa modalidade de inflação pode eventualmente ser criada pela elevação de algum dos gastos de produção, como remunerações, tributos e até mesmo de insumos.

À medida que os gastos de produção aumentam, a reação dos fabricantes é diminuir a oferta de itens ao mercado. Quando a oferta diminui, o preço do bem em questão se torna mais alto para o consumidor final. Consequentemente, a economia do país enfrentará uma alta inflação que pressionará muitos custos relacionados à produção.

A inflação de custos também pode acontecer quando há elevação nos preços dos combustíveis, pois a logística interna depende grandemente do transporte rodoviário. Quando há aumento de taxas, impostos e tarifas diversas, grande parte dos insumos e bens vendidos no mercado brasileiro vem do exterior e ficam mais caros, já que seus preços são comercializados em dólares.

Inercial

A inflação por inércia é menos falada, mas tem uma importante faceta explicativa, especialmente no caso do Brasil. Inflação inercial significa inflação de memória. Em outras palavras, a inflação corrente é o resultado de um índice histórico e das expectativas de inflação que ocorrerão no futuro.

Essa inflação não tem nada a ver com o crescimento da demanda ou dos gastos do governo do país. Isso está conectado, além dos medos de inflação no futuro, com a indexação de preços. Assim, em um país no qual os preços são automaticamente recalibrados de tempos em tempos, ocorre uma inflação por inércia.

Demanda

Em geral, a pressão inflacionária de demanda é uma inflação com um diagnóstico de um aumento da demanda bem maior do que o crescimento da oferta em uma determinada nação. Este tipo de inflação é usual em situações de aumento do PIB do país analisado.

Em um cenário de crescimento da economia, o impacto imediato é o aumento das aplicações financeiras na forma de investimentos de capital, diminuição do desemprego e aumento dos salários. Esse fato cria uma elevação na demanda agregada. Se a oferta igualmente agregada não estiver em linha com o crescimento da demanda, isso levará inevitavelmente a um cenário de inflação ocorrida por demanda.

Quais são possíveis causas da inflação?

As duas causas mais comuns para que a inflação de um país aumente são a emissão descontrolada de papel-moeda e o controle das taxas de juros. Esse último item é responsável por injetar ou retirar liquidez do mercado por meio da oferta de crédito.

Acompanhe a seguir a explicação detalhada de cada um desses dois importantes itens da economia de uma nação. Confira.

Alta emissão de papel-moeda

Os governos também podem ter influência no crescimento da inflação. Quando as despesas superam as receitas, em algumas situações pode ser necessário fabricar mais papel-moeda, ou seja, lançar mais dinheiro no mercado para pagar a dívida pública.

Quando isso ocorre, há uma quantia maior de papel-moeda em circulação no mercado, mas isso não está associado a um crescimento da produção ou à criação de riqueza no país. Consequentemente, quando há mais dinheiro no mercado que o número de bens e serviços equivalentes, o preço eleva-se bastante.

A fabricação de dinheiro cria mais liquidez no mercado e, como resultado, aumenta a demanda por itens e serviços. Esse aumento decorre do problema causado por mais dinheiro no mercado que o necessário para efetuar todas as transações de que a nação precisa.

Crédito e taxa de juros

Outra dimensão que pode ter um impacto negativo sobre a inflação é a redução das taxas de juros. Esses cortes são frequentemente usados ​​para causar estímulo na economia e ​​para elevar o crédito que dá base de produção no país. Consequentemente, as empresas investirão mais e o país poderá entrar em uma rota de crescimento.

No entanto, a queda das taxas de juros pode aumentar significativamente o consumo por meio do crédito. Novamente, surgiria um enorme abismo entre demanda e oferta. Ou seja, com um crescimento do consumo que não é acompanhado por um aumento de preços, ocorre inflação.

Os incrementos de custos de produção podem ser pontuais, como um problema de colheita devido às condições climáticas, ou de natureza mais estrutural, como um aumento de tributos. A escala de tempo da inflação de custos e de demanda depende da força e das causas dos efeitos inflacionários.

Em situações de déficit orçamentário recorrente do poder público, pode-se confirmar que isso tem impacto de longo prazo nas taxas de inflação. No entanto, uma elevação de preço devido a um aumento seletivo nos gastos ou um aumento temporário na demanda por um bem específico pode ter um efeito de curto prazo nas taxas inflacionárias.

O que fazer quando a inflação estiver alta?

Apesar da elevação dos preços que atinge todos os setores praticamente, é possível ter medidas que criem uma proteção contra a inflação. Existem métodos simples, como pagar uma cota única de IPTU e IPVA, por exemplo, ou remunerar mensalidades em uma única parcela.

No entanto, esse tipo de método nem sempre se faz possível, seja pela acessibilidade de rendimento para pagar uma única cota anual ou mesmo porque o desconto não vale muito a pena. Consequentemente, a melhor maneira de minimizar esses resultados da inflação é investir o dinheiro para obter um retorno maior que a inflação.

Em geral, existem muitas aplicações financeiras que permitem atingir esses tipos de objetivos. Por exemplo, os ativos do mercado de renda fixa que geralmente consideram a taxa de inflação. Em alguns casos, isso pode ser feito diretamente via título, como no caso do Tesouro Direto, em que o próprio governo oferece aplicações.

Mas também pode ser feito de forma indireta, como nas ocasiões nas quais os ativos são pagos por meio da Selic. O valor alvo da taxa básica de juros é determinado ao considerar o índice de inflação. Consequentemente, esse tipo de investimento também serve como fundo de cobertura contra a alta da inflação.

Portanto, embora o retorno real das aplicações em ativos também seja afetado pela inflação, a rentabilidade dos tipos de rendimento ajuda na proteção do dinheiro nesse cenário. Em algumas situações, a alta taxa pode dar ganhos ainda maiores dependendo da aplicação em questão.

Conhecer melhor a inflação ajuda a se proteger desse mal. As aplicações atreladas ao IPCA protegem o dinheiro da desvalorização, pois seu rendimento é sempre no modo real. Dessa forma, é possível preservar o poder de compra da moeda e sofrer menos com altas inflacionárias.