Geleiras desaparecem, data centers crescem e a COP30 se aproxima
Clima extremo, infraestrutura crítica e possíveis ajustes financeiros globais são os destaques do Radar ESG
Por Comunicação Itaú Asset
EDIÇÃO #14

A edição desta semana do Radar ESG conecta extremos climáticos a decisões estruturais. Das imagens de perda acelerada das geleiras na Suíça à expectativa sobre os desfechos da COP30, passando por investimentos bilionários em data centers e debates sobre o modelo atual de financiamento climático.
As imagens das geleiras ao longo do tempo
Em 1988, a Geleira Rhône, na Suíça, estava a poucos minutos de caminhada do carro da família de Matthias Huss. Hoje, é preciso mais de meia hora para chegar até o gelo. Huss, hoje diretor da rede GLAMOS de monitoramento de geleiras, relata esse contraste como testemunho pessoal de uma transformação global, em entrevista à BBC.
Segundo a Organização Meteorológica Mundial, as geleiras fora das regiões polares perderam 450 bilhões de toneladas de gelo em 2024, o suficiente para encher 180 milhões de piscinas olímpicas. A perda afeta não só paisagens: ela desestabiliza sistemas de irrigação, abastecimento urbano, energia hidrelétrica e navegação fluvial.
As geleiras funcionam como “amortecedores naturais” do ciclo hídrico. Quando desaparecem, o equilíbrio entre oferta e demanda de água em períodos críticos também se perde. É um colapso silencioso, que altera ritmos econômicos e sociais, e que já não é mais uma abstração do futuro.
A corrida bilionária dos data centers e suas credenciais verdes
Com previsão de até R$ 2 trilhões em investimentos nos próximos anos, o Brasil busca consolidar sua posição como hub global de data centers. Mas o crescimento acelerado vem acompanhado de pressões por critérios ambientais mais claros e rigorosos.
Como detalha o Reset, indicadores como o PUE (eficiência energética) já aparecem em operações financeiras. O programa Redata, que prevê incentivos fiscais para o setor, também impõe critérios, como consumo hídrico máximo de 0,05 litro por kWh em sistemas de resfriamento.
Segundo a Fitch, desde 2021, o setor já emitiu R$ 14,5 bilhões em debêntures rotuladas como sustentáveis. Mas o ritmo de expansão traz novos desafios para o sistema elétrico, e projeções da Agência Internacional de Energia indicam que as emissões do setor seguirão subindo até pelo menos 2030, mesmo em países com matrizes mais limpas.
COP30 e os possíveis desfechos para as finanças globais
Em novembro, os olhos se voltam para Belém. A COP30 é considerada uma conferência com potencial de redefinir não só metas climáticas, mas também os fluxos financeiros internacionais ligados à transição.
De acordo com análise do UNEP FI, cinco possíveis desfechos estão no radar dos negociadores: desde avanços no alinhamento do sistema financeiro internacional ao Acordo de Paris, até mudanças nas regras de reporte, expansão de mecanismos de perdas e danos, e maior clareza sobre metas de financiamento climático pós-2025.
Independentemente da combinação final de resultados, a expectativa é que a COP30 consolide a centralidade do clima no planejamento financeiro global para a próxima década.
Uma abordagem mais sistêmica para o financiamento climático
A lógica predominante no financiamento climático ainda herda premissas do capital de risco: métricas como patentes, tração comercial e emissões evitadas têm mais peso que resiliência comunitária, colaboração entre agentes ou transformação estrutural.
Segundo artigo do Impact Investor, essa abordagem precisa ser atualizada. O foco precisa sair do “negócio isolado” e se voltar para ecossistemas de impacto, com soluções interconectadas, inclusivas e adaptáveis à realidade local.
A proposta é fomentar mecanismos que ampliem o campo de ação, indo além do crescimento individual e da velocidade, e premiando estruturas capazes de gerar efeitos em rede.
Acompanhe também os principais índices ESG
Além das notícias da semana, você confere no Radar ESG os principais índices de sustentabilidade, incluindo benchmarks globais e brasileiros, assim como dados sobre títulos verdes e setores ligados à transição energética.
A tabela apresenta uma visão consolidada dos índices que refletem diferentes abordagens dentro da agenda ESG, desde desempenho corporativo sustentável até indicadores de baixa emissão de carbono e clima.

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