Taxonomia aprovada, regulação em vista e transição no centro do debate
O Radar ESG da semana acompanha os próximos passos da agenda verde no Brasil e reforça o papel de setores-chave na transição
Por Comunicação Itaú Asset
EDIÇÃO #12

A semana trouxe marcos importantes para o avanço da agenda sustentável no Brasil. A aprovação da taxonomia nacional inaugura um novo capítulo na forma como as atividades econômicas sustentáveis são classificadas, enquanto o Banco Central já discute como incorporá-la à regulação.
Também acompanhamos os alertas do chefe climático da ONU, que reforçou a necessidade de acelerar a transição, o crescimento dos data centers como alternativa para o uso de energia renovável e os primeiros efeitos concretos do mercado voluntário de créditos de plástico no país.
Brasil aprova taxonomia sustentável com foco ambiental e social
O governo federal aprovou oficialmente a taxonomia sustentável brasileira, um sistema de critérios que define quais atividades econômicas podem ser classificadas como sustentáveis. Segundo reportagem da Capital Reset, a ferramenta busca orientar investidores, empresas e políticas públicas na identificação de projetos com impacto ambiental e social positivo.
A adoção será voluntária neste início. A proposta é que, futuramente, empresas passem a divulgar relatórios alinhados aos critérios da taxonomia. Ela poderá orientar desde rotulagem de fundos e políticas públicas até emissões soberanas e linhas de bancos de desenvolvimento. Entre os setores mapeados, estão energia, mineração crítica, combustíveis renováveis de aviação e operações de data centers.
O diferencial do modelo brasileiro está na inclusão de critérios sociais desde o início, como igualdade de gênero e raça. A expectativa é que o sistema se torne uma referência nacional para regulação, financiamento e monitoramento da economia verde.
Banco Central projeta adotar critérios da taxonomia
O Banco Central brasileiro planeja adotar os critérios da nova taxonomia em sua regulação nos próximos anos, segundo matéria do Valor Econômico. A aplicação será gradual, levando em conta os custos de adaptação para o setor financeiro.
A gerente de Sustentabilidade e Relacionamento com Investidores Internacionais do BC, Isabela Ribeiro Maia, destacou que, apesar de não ser impositiva, a taxonomia passará a orientar como as instituições financeiras classificam e reportam suas atividades sustentáveis. O objetivo é criar um padrão claro que ajude a canalizar recursos para projetos realmente alinhados com a transição climática e social.
O documento foi construído ao longo de quase dois anos com a participação de diversos órgãos do governo, entidades do mercado e da sociedade civil. Especialistas veem a medida como essencial para redirecionar fluxos de financiamento verde com mais integridade.
ONU vê progresso, mas cobra mais velocidade na transição de carbono
Em entrevista ao The Guardian, Simon Stiell, secretário-executivo da Convenção do Clima da ONU, afirmou que, embora haja sinais de avanço rumo a uma economia de baixo carbono, o ritmo atual ainda é insuficiente.
Ele destacou que os planos climáticos dos países devem ficar abaixo do necessário para manter o aquecimento global dentro do limite de 1,5 °C, mas acredita que os próprios benefícios econômicos da transição já estão incentivando ações. Os investimentos privados em energia limpa e indústria de baixo carbono ultrapassam os US$ 2 trilhões ao ano, o dobro do que vai para combustíveis fósseis.
Stiell alertou que os custos dos danos climáticos podem superar 5% do PIB global em pouco mais de uma década, e que regiões ricas já enfrentam perda de segurabilidade. Ou seja, áreas onde nem mesmo o seguro consegue mais oferecer cobertura.
Data centers ganham força como destino para energia renovável
Com a expansão dos serviços digitais, os data centers têm crescido no Brasil e se consolidado como destino estratégico para o aproveitamento do excedente de energia renovável. Segundo matéria do G1, o governo editou uma medida provisória para incentivar investimentos no setor, que é intensivo em consumo de energia.
Hoje, o país tem 189 data centers, com concentração em São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Só nos últimos dois anos, 40 novos pedidos de conexão foram feitos ao Operador Nacional do Sistema Elétrico. Trinta já foram autorizados. A expectativa é de uma demanda de 2,5 gigawatts — energia suficiente para abastecer mais de 2 milhões de residências por ano.
O avanço da inteligência artificial e da computação em nuvem impulsiona o setor, que pode ajudar a absorver a energia excedente de fontes renováveis. Mas também exige investimentos em infraestrutura para evitar sobrecarga e gargalos de transmissão.
Acompanhe também os principais índices ESG
Além das notícias da semana, você confere no Radar ESG os principais índices de sustentabilidade, incluindo benchmarks globais e brasileiros, assim como dados sobre títulos verdes e setores ligados à transição energética.
A tabela apresenta uma visão consolidada dos índices que refletem diferentes abordagens dentro da agenda ESG, desde desempenho corporativo sustentável até indicadores de baixa emissão de carbono e clima.

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