Alavancando a performance
TenisVesting: nas quadras como nos investimentos, conhecer e usar bem fontes de alavancagem pode gerar mais resultado
Por Andrea Masagão Moufarrege, Team Leader - Investment Funds Specialists

🎾 Quem achou que Jannik Sinner seria assombrado pelos três match points perdidos contra Carlos Alcaraz há apenas cinco semanas depois da final de Roland Garros se enganou. Na grama de Wimbledon, foi a vez do italiano reverter a vantagem do mesmo Alcaraz e fechar o jogo em 3 sets a 1 para conquistar pela primeira vez esse Grand Slam em julho de 2025. Dessa vez, nem mesmo a criatividade do espanhol foi suficiente para superar a eficiência do número 1 do mundo, que aprendeu com os erros da derrota anterior e se superou nesse jogo.
Além desses dois encontros, Alcaraz e Sinner também já tinham se enfrentado este ano na final do Masters 1000 de Roma, um torneio que eu tive a oportunidade de assistir de perto nas minhas últimas férias.
A estrutura e a beleza do complexo onde os jogos ocorreram me impressionaram. A visibilidade das quadras era ótima. E o destaque vai todo para a Quadra Pietrangeli, a mais linda que já conheci, com suas arquibancadas de mármore, cercada de estátuas de deuses romanos.
Naquela ocasião, não assisti à final, mas a semifinal em que Sinner teve uma atuação considerada por muitos quase perfeita. Ele derrotou Casper Rudd por 6x0 e 6x1, sem dar qualquer chance para o adversário.
Acompanhando tão de perto, algo que me chamou particularmente a atenção foi a flexibilidade nas articulações de Sinner – em especial, o punho – e como isso contribui para que ele coloque máxima potência na bola.
Sinner é capaz de gerar um movimento de punho relaxado, mas com controle, gerando uma aceleração absurda na bola e logo voltando para a base. É um movimento limpo, eficiente, que quando combinado às articulações de joelho e ombro, gera alavancagem máxima a cada golpe.
Por definição, alavancagem é qualquer tipo de ação relativamente pequena que gera um impacto de resultado muito grande. Mas se eu me arrisquei aqui a explicar como Sinner usa essa alavancagem para extrair o máximo de seu jogo, preferi convidar Lilian Sakkal, superintendente de operações de crédito do Itaú Private Bank, para explicar como operações de crédito bem estruturadas podem alavancar o retorno do portfólio de investidores. Confira abaixo:
📈 As operações de crédito podem servir para uma necessidade de liquidez, como, por exemplo, para comprar um bem ou para aproveitar uma oportunidade de arbitragem. Vamos explorar um pouco mais este último caso e como ele pode alavancar os rendimentos da carteira.
As operações de crédito para arbitragem consistem em o investidor tomar recursos emprestados e simultaneamente investi-los em aplicação com taxa de retorno superior à do empréstimo. Idealmente, os prazos e fluxos das duas operações coincidem e, tudo funcionando bem, o investidor consegue se apropriar do diferencial das taxas de retorno.
Vamos dar um exemplo: se o cliente se alavancar a uma taxa de CDI + 2% (hoje em torno de 16,80%) e aplicar o mesmo valor em um investimento a CDI + 5% (em torno de 20,20%), ambos com prazo de 1 ano, no vencimento, o investidor teria um retorno de 3,4% do valor investido, considerando, para fins didáticos, o investimento e o empréstimo livre de eventuais tributações.
Um ponto importante, porém, é que, para conseguir ter esse diferencial de retorno, a aplicação, em geral, tem algum tipo de risco, como o de crédito. Portanto, para que a arbitragem funcione e o cliente se aproprie do diferencial de taxas, o investidor pressupõe que não haverá inadimplência do emissor do título investido. Mas caso haja inadimplência, o impacto negativo será bem maior do que o de uma operação normal, pois, além de perder o capital investido, o cliente ainda terá que honrar o empréstimo tomado.
Aqui, portanto, cabe destacar um diferencial entre o tênis e as operações de investimento alavancadas. Se nas quadras qualquer descontrole do movimento do punho pode gerar impactos ruins, como as famosas bolas na tela batidas bem fora das dimensões da quadra, ao menos o próximo ponto sempre começa do zero. Já nos investimentos, a inadimplência de uma operação alavancada pode impactar bastante todo o resto do patrimônio do investidor, caso não tenha sido bem dimensionada.
Outro conceito importante é que, em geral, os investidores precisam colocar algum tipo de ativo em garantia do empréstimo (colateral). Muitas vezes, a própria aplicação pode servir de garantia cobrindo parte do risco do empréstimo, porém, o investidor precisa colocar algum valor de capital próprio nessa operação para compor com a garantia.
Se o próprio ativo que o cliente deseja comprar mitigar 90% do risco do empréstimo, por exemplo, o investidor ainda precisa colocar 10% de capital próprio como garantia. Ou seja, ele consegue gerar um retorno adicional de 3%, alocando apenas 10% do capital próprio - um retorno adicional relevante se comparado com um portfólio sem alavancagem.
🎾📈 Diante disso, fica a reflexão: se quando você joga, sente falta de potência nos seus golpes, vale pensar se está usando todo o potencial que seu punho te oferece. Da mesma forma, quando você investe, também vale pensar se não está deixando passar oportunidades de uso de alavancagem para maximizar o seu retorno.
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