Alemanha vai às urnas de olho na trajetória fiscal

No Radar do Mercado: alemães vão eleger um novo parlamento no próximo domingo e expectativa é saber se partidos pró-fiscal conseguirão formar maioria qualificada para mudar o freio da dívida pública alemã. Enquanto isso, PMI da Zona do Euro vem estável, com alta na indústria e recuo nos serviços

Por Itaú Private Bank

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No próximo domingo, 23, quase 53 milhões de alemães vão às urnas para votar nas eleições antecipadas do Bundestag, a “câmara” do parlamento alemão. Segundo as pesquisas de intenção de voto, o partido de centro-direita União Democrata Cristã (CDU), o mesmo da ex-chanceler Angela Merkel, lidera a corrida com cerca de 30% das intenções de voto, e Friedrich Merz é o favorito para suceder o atual chanceler Olaf Scholz. Já o partido de extrema-direita, Alternativa para a Alemanha (AfD), está em segundo lugar na disputa, com 20% das intenções de voto, seguido pelos Social-Democratas (SPD), de Scholz, com 16%.

Do ponto de vista político, caso as urnas confirmem o resultado das pesquisas, o AfD cresceria de 94 cadeiras no parlamento alemão para 147. Até então, os demais partidos costumam isolar esse que se tornaria a segunda maior força política da Alemanha, em uma prática conhecida como “Firewall”. Mas resta saber se o CDU e o SPD conseguiriam votos suficientes para formar uma coalisão no Congresso e garantir a governabilidade ou se será necessário formar uma coalisão maior, com mais partidos, já que existe o risco de o efeito conhecido como “voto envergonhado” estar subestimando as estimativas do AfD.

Do ponto de vista econômico, as expectativas se voltam para saber se os partidos que buscam mais gastos fiscais conseguiriam alcançar dois terços dos votos, o que seria necessário para mudar a regra fiscal, o “freio da dívida”, que limita o endividamento fiscal estrutural a 0,35% do PIB nominal. Existe também o risco de partidos menores não conseguirem superar uma cláusula de barreira que exige que os partidos tenham pelo menos 5% dos votos nacionais ou representantes eleitos em pelo menos três distritos diferentes para ocupar cadeiras no parlamento alemão. Atualmente, dois partidos estão bem próximos desse limiar e pelo menos um deles tem um viés fiscalista, o que dificilmente permitiria que eles aprovassem mais gastos públicos.

O resultado deve sair na manhã de segunda-feira, 24.

PMI da Zona do Euro fica estável

O índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) composto da Zona do Euro de fevereiro foi divulgado nesta sexta-feira, 21, e permaneceu estável em 50,2. O número acima de 50 indica que a atividade segue em patamar expansionista, mas veio abaixo da expectativa do mercado, que era de uma aceleração do índice para 50,5.

O resultado se deve à queda no setor de serviços, de 51,3 em janeiro para 50,7 em fevereiro, abaixo das expectativas (51,5), enquanto a indústria melhorou de 46,6 para 47,3, acima das expectativas (47,0), mas ainda em patamar contracionista.

A divulgação de hoje não trouxe muitos detalhes da composição, mas na divisão por países, a França apresentou destaque negativo, sobretudo no setor de serviços, com um recuo de 48,2 para 44,5 na passagem mensal. Já a Alemanha apresentou uma melhora principalmente no setor industrial, com avanço de 45,0 para 46,1.

Nossa visão: de maneira geral, a leitura de fevereiro do PMI sugere um crescimento próximo de 0% no primeiro trimestre de 2025 e segue em linha com a expectativa de novos cortes de juros por parte do Banco Central Europeu (BCE).

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