Ata do Fomc reforça postura cautelosa e PBoC mantém juros inalterados

No Radar do Mercado: documento do Fed mostrou que alguns diretores estão preocupados com pressões inflacionárias, sobretudo em função das políticas tarifárias e de imigração do novo governo Trump. Enquanto isso, Banco Central da China decidiu manter taxas de juros inalteradas, mas pode fazer novos cortes à frente

Por Itaú Private Bank

5 minutos de leitura

Ata do Fed reforça postura cautelosa

O Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) divulgou na tarde de ontem, 19, a ata da última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) e reforçou a postura cautelosa, sem pressa para cortar juros, da maioria do colegiado.

O documento destacou que a maior parte do Comitê avalia que a política monetária está bem-posicionada no atual patamar. Há, porém, alguns membros que enxergam que o risco de pressões inflacionárias é maior do que de um risco de desaceleração mais acentuada do mercado de trabalho. Segundo esses, as possíveis mudanças na política tarifária e de imigração, bem como a forte demanda do consumidor, têm potencial de dificultar o processo de desinflação.

A ata também registrou uma discussão sobre pausar ou diminuir a redução do balanço patrimonial do Fed, devido a preocupações com o teto da dívida pública americana. O texto menciona que, diante do risco de oscilações significativas nas reservas bancárias nos próximos meses, pode ser apropriado considerar pausar ou desacelerar a redução do balanço patrimonial “até a resolução desse evento”.

Nossa visão: a preocupação de alguns membros do Fomc com o impacto das políticas comerciais e de imigração do novo governo Trump pode eventualmente afetar suas expectativas sobre a trajetória dos juros à frente. Acreditamos que o Fed deverá manter a taxa de juros no atual patamar na próxima reunião, seguindo com a postura cautelosa e a atenção aos dados de inflação e atividade. Com a divulgação dos “dots” no próximo encontro, será possível ter mais clareza sobre as projeções dos integrantes do Comitê.

Banco Central da China mantém taxas de juros inalteradas

O Banco Central da China (PBoC, na sigla em inglês) decidiu manter as taxas de juros (LPR, na sigla em inglês) de um ano e de cinco anos inalteradas. Com isso a LPR de um ano seguiu em 3,10% ao ano, enquanto a LPR de cinco anos, referência para hipotecas no país, continuou sendo de 3,60%. A decisão veio em linha com o esperado.

A autoridade monetária chinesa já declarou que ajustaria sua política monetária “no momento apropriado” para apoiar a economia do país, em meio ao aumento das dificuldades no comércio internacional, com uma ameaça de escalada da guerra comercial com os EUA, além de um consumo interno menor, com o ritmo de crescimento dos empréstimos em comparação com o ano anterior atingindo uma mínima recorde.

Nossa visão: acreditamos que o PBoC promoverá cortes nas taxas de juros no segundo trimestre do ano. Nossa estimativa é de corte de 1,0 ponto percentual na taxa de compulsório bancário (RRR, na sigla em inglês) e de 0,30 ponto-percentual nas taxas de juros. No entanto, estimamos que os impulsos fiscais terão um papel mais importante do que a redução nas taxas de juros para apoiar a economia chinesa, que deve ter dificuldades para manter o crescimento de 5,0% ao ano alcançado em 2024.

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