Revisamos nossos cenários macro para fevereiro

No Radar do Mercado: atualizamos nossas projeções dos principais indicadores macroeconômicos em âmbito local e global. Já o Banco Central divulgou novo Boletim Focus com atualizações nas projeções do mercado para inflação, PIB e câmbio

Por Itaú Private Bank

5 minutos de leitura

Revisão de Cenário - Brasil

Apesar de algum alívio no curto prazo, os fundamentos ainda apontam para uma taxa de câmbio depreciada ao longo do ano, principalmente diante do risco fiscal e do cenário de dólar forte globalmente. Diante disso, mantivemos nossa projeção de câmbio em R$/US$ 5,90 em 2025 e 2026.

Avaliamos que o anúncio de uma contenção de despesas discricionárias da ordem de R$ 35 bilhões seria um paliativo importante para conter o risco fiscal. No entanto, uma melhora consistente do prêmio de risco só ocorrerá com uma perspectiva de trajetória mais equilibrada da dívida pública. Nossa projeção de déficit primário para 2025 e 2026 é de 0,7% do PIB.

Com relação ao PIB, seguimos projetando crescimento de 3,6%, 2,2% e 1,5% em 2024, 2025 e 2026 respectivamente, com a expectativa de que uma desaceleração mais acentuada só deve ocorrer a partir do segundo semestre deste ano, algo que se refletirá também na taxa de desemprego, que deve encerrar 2025 em 6,8% e subir para 7,3% em 2026.

Na frente de inflação, projetamos taxas de 5,8% para este ano e 4,5% em 2026, com assimetria ainda altista para os dois anos. Por esse motivo, acreditamos que o Banco Central seguirá avançando em território contracionista ao longo dos próximos meses. Projetamos que a taxa Selic atingirá 15,75% a.a. ao final do primeiro semestre, mas reconhecemos o risco de uma interrupção do ciclo de alta antes disso, a depender da dinâmica da atividade econômica, do câmbio e das expectativas de inflação.

Confira o relatório na íntegra.

Revisão de Cenário - Global

O presidente dos EUA, Donald Trump, começou a implementar tarifas sobre os produtos importados pelo país, o que deve manter a incerteza alta no cenário global no curto prazo. Acreditamos que tarifas agressivas devem ser implementadas contra a China e sobre setores da Europa, mas vemos risco crescente de tarifação mais abrangente. Somando isso à política migratória, à atividade resiliente e à inflação persistente, acreditamos que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) deve manter as taxas de juros no patamar atual.

Enquanto isso, na China, nossa projeção de crescimento em 2025 segue sendo de 4,0%, uma vez que seriam necessários estímulos adicionais para contrabalancear os impactos da guerra comercial. Já na Europa, a projeção de crescimento em 2025 é menor, de 0,8%, e com riscos de baixa caso o cenário de tarifas americanas contra a região se torne mais agressivo do que o antecipado. Ao mesmo tempo, novos cortes de juros por parte do Banco Central Europeu (BCE) justificam um cenário de paridade do euro com o dólar.

Confira o relatório na íntegra.

Focus: projeções do IPCA em alta

Imagem ilustrativa

O Banco Central divulgou mais uma edição do Relatório Focus nesta segunda-feira, 17, com elevações nas projeções para a inflação em todo o horizonte, além de mudanças nas projeções do PIB e do câmbio em diferentes prazos.

A mediana das expectativas do IPCA para 2025 subiu mais uma vez, de 5,58% para 5,60%, e continuou se distanciando do teto do intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual ao redor da meta central de 3,00% ao ano definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para 2026, as projeções subiram, de 4,30% para 4,35%, e para 2027, de 3,90% para 4,00%.

Com relação ao PIB, o mercado revisou a projeção de crescimento em 2025 de 2,03% para 2,01%, manteve a projeção em 1,70% em 2026 e elevou de 1,96% para 1,98% em 2027.

Já as estimativas para o câmbio em 2025 e 2026 foram mantidas em R$/US$ 6,00, mas a previsão para 2027 caiu de R$/US$ 5,93 para R$/US$ 5,90.

Por fim, para a Selic, o mercado manteve as projeções de 15,00%, 12,50% e 10,50% ao final de 2025, 2026 e 2027, respectivamente.

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