Trump avalia tarifas recíprocas e vendas no varejo dos EUA decepcionam
No Radar do Mercado: o presidente americano prometeu taxar países que aplicam tarifas mais altas sobre produtos americanos, mas a implementação deve ocorrer apenas a partir de abril. Enquanto isso, vendas no varejo dos EUA surpreendem negativamente
Por Itaú Private Bank
Trump promete aplicar tarifas recíprocas
O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou formalmente nesta quinta-feira, 13, planos para implementar tarifas recíprocas sobre países que aplicam taxas mais altas sobre produtos americanos. Essas tarifas seriam personalizadas para cada país, levando em consideração não apenas os impostos diretos sobre importações, mas também barreiras não tarifárias, além de subsídios e sistemas baseados em IVA (Imposto sobre Valor Agregado) que desfavorecem produtos dos EUA.
As tarifas não entrarão em vigor imediatamente. Sua implementação depende de uma investigação em andamento do Departamento de Comércio dos EUA, que deve ser concluída até 1º de abril. Essa política pode afetar o Brasil, já que, em média, os produtos importados pelo Brasil dos EUA recebem tarifas de 11,2%, enquanto os EUA impõem tarifas de 1,5%, em média, sobre os produtos brasileiros.
Considerando a composição da pauta de exportações brasileiras para os EUA, setores como siderurgia, que já sofreu taxações anunciadas nesta semana, combustíveis e aviação podem ser mais afetados. Outros itens, como alimentos (carnes, café etc.) também poderiam ser impactados, mas provavelmente em um segundo momento, dado o potencial impacto na inflação ao consumidor americano e menos alternativas para a substituição.
Confira a análise completa sobre os impactos que as tarifas americanas podem ter sobre o comércio exterior brasileiro feita pelo time de Pesquisa Macroeconômica do Itaú: https://meu.itau/z94
Vendas no varejo dos EUA decepcionam em janeiro
O Departamento de Comércio dos EUA divulgou nesta sexta-feira, 14, dados sobre as vendas no varejo americano, que revelaram a maior queda do setor em quase dois anos, indicando uma retração abrupta após uma onda de gastos dos consumidores nos últimos meses de 2024.
O valor das compras no varejo, não ajustado pela inflação, caiu 0,9% após uma alta revisada para cima de 0,7% em dezembro. Excluindo automóveis, as vendas caíram 0,4%. Nove das 13 categorias analisadas no relatório registraram retração, sobretudo veículos motorizados, artigos desportivos e lojas de móveis.
Os dados incluíram um período marcado por incêndios florestais devastadores em Los Angeles, a segunda maior área metropolitana dos EUA, e um inverno rigoroso em outras partes do país, o que poderia ter impactado negativamente as compras físicas. No entanto, a desaceleração em muitas categorias sugere que outros fatores, além destes, podem ter influenciado.
Uma eventual persistência da desaceleração do setor poderia afetar a avaliação do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), que no atual contexto de atividade resiliente e inflação persistente segue defendendo uma postura cautelosa, sem pressa para cortar as taxas de juros.
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