IPCA desacelera em janeiro e Trump anuncia tarifas sobre aço e alumínio

No Radar do Mercado: com o resultado de janeiro, a inflação brasileira acumulada em 12 meses de reaproximou do teto do intervalo de tolerância ao redor da meta de 3,0% ao ano. Enquanto isso, Trump anunciou tarifas sobre aço e alumínio com impacto sobre produtos brasileiros

Por Itaú Private Bank

5 minutos de leitura

Inflação desacelera em janeiro

O IBGE divulgou nesta terça-feira o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de janeiro, que registrou alta de 0,16% no mês, desacelerando em relação ao índice de dezembro (0,56%). O resultado veio em linha com a nossa projeção (0,16%) e ligeiramente abaixo das expectativas do mercado (0,17%).

Em 12 meses, a taxa acumulada caiu de 4,83% em dezembro para 4,56% em janeiro, se reaproximando do limite superior do intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual ao redor da meta de inflação de 3,0% ao ano definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). À frente, no entanto, é esperada reaceleração do indicador, dado que o resultado de janeiro foi influenciado pela incorporação do Bônus de Itaipu, levando o grupo “Habitação” a registrar o maior impacto negativo no índice.

Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, cinco registraram alta e quatro registraram queda. A maior variação e o maior impacto vieram do grupo “Transportes”, seguido de “Alimentação e bebidas” e de “Saúde e cuidados pessoais”.

Nossa visão: o IPCA de janeiro veio em linha com a nossa expectativa, confirmando a projeção de alguma desaceleração de serviços subjacentes na margem. Isso se deve principalmente à desaceleração de serviços diversos, enquanto os serviços ligados à mão de obra, mais relacionados com o ciclo econômico, seguem rodando em patamar elevado, confirmando uma leitura qualitativa ainda ruim.

Trump anuncia tarifas sobre aço e alumínio

O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou a imposição de tarifas de 25% sobre todas as importações de aço e alumínio, válida para todos os países, sem exceções, e incluindo não só a matéria prima bruta, mas também itens metálicos acabados, como chapas e extrusões, que são produtos onde o metal já foi modelado e têm maior valor agregado.

Em 2018, durante seu primeiro mandato, Trump também anunciou tarifas de 25% sobre o aço e 10% sobre o alumínio, mas o Canadá, o México e, mais tarde, o Brasil e a União Europeia, que são os principais exportadores desses produtos para os EUA, conseguiram isenções.

Desta vez, o Brasil deve sentir os impactos, ainda que possivelmente de forma mais setorial do que disseminada. Cerca de metade do aço e 20% do alumínio exportado pelo Brasil vai para os EUA, porém esses produtos não chegam a 6% do total de exportações brasileiras e esse montante provavelmente não será zerado.

A médio e longo prazo, a manutenção dessas tarifas pode gerar incentivos para mais investimentos e empregos em território americano, mas, no curto prazo, os EUA devem seguir altamente dependentes da importação desses produtos.

Nos próximos dias, é possível que países atingidos por essas tarifas anunciem taxações em resposta. A Comissão da União Europeia já declarou que a região responderá. Já o governo brasileiro ainda não anunciou nenhuma retaliação. Enquanto isso, Trump reiterou sua ameaça de impor tarifas recíprocas, afirmando que elas poderiam ser anunciadas nos próximos dias.

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