Ata do Copom traz tom mais duro do que comunicado
No Radar do Mercado: documento divulgado hoje destacou preocupação com a deterioração das expectativas de inflação e indicou que o Copom está atento a sinais de desaceleração econômica mais acentuada, mas que esse não é o cenário-base
Por Itaú Private Bank
A ata da primeira reunião do ano do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central foi divulgada nesta terça-feira, 4, e apresentou um tom mais duro do que o comunicado divulgado logo após a decisão na semana passada. O documento também trouxe mais detalhes do encontro em que os membros tomaram a decisão unânime de elevar a taxa Selic em 1,0 ponto percentual, para 13,25% ao ano.
No cenário local, o texto destaca a preocupação com a deterioração das expectativas de inflação e indica que o Copom está monitorando a atividade econômica, atento a sinais de uma desaceleração mais acentuada, o que, no entanto, não é o cenário-base. As autoridades também alertaram para um possível aumento da taxa de juros neutra, caso as políticas fiscal e parafiscal se tornem mais expansionistas.
No cenário externo, o documento menciona que, apesar de o cenário-base seguir sendo de desaceleração gradual e ordenada da economia norte-americana, cenários mais extremos se tornaram mais prováveis do que na reunião anterior. O texto levanta dúvidas sobre a condução da política econômica nos EUA, citando possíveis estímulos fiscais, restrições na oferta de trabalho, introdução de tarifas à importação e reorientações da matriz energética.
Diante disso, o Comitê avaliou que a indicação anterior de elevação de 1,0 ponto percentual na taxa Selic era a decisão mais apropriada para esta reunião, assim como a indicação que antevê um ajuste de mesma magnitude na próxima. Apesar de o tom geral da ata ser mais duro, o texto indica que o Comitê acompanhará a evolução da atividade econômica, do repasse cambial e das expectativas, o que pode, ou não, refletir uma ordem de prioridades.
Nossa visão: por ora, projetamos que, após o aumento de 1,0 ponto percentual sinalizado para março, haja mais duas elevações de 0,75 ponto percentual cada nas reuniões seguintes, encerrando o ciclo de aperto monetária com uma taxa terminal de 15,75% ao ano.
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