Projeções para inflação sobem no Focus e Trump anuncia tarifas
No Radar do Mercado: após primeira reunião do Copom no ano, projeções para inflação sobem. Nos EUA, Trump anuncia tarifas sobre Canadá, México e China. Na Europa, inflação ao consumidor vem acima do esperado
Por Itaú Private Bank
Focus: projeções para inflação sobem

O Banco Central divulgou hoje mais uma edição do Relatório Focus, a primeira após a primeira reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central no ano, com elevações nas projeções para a inflação deste e do próximo ano.
A mediana das expectativas do IPCA para 2025 subiu levemente, de 5,50% para 5,51%, se distanciando novamente do teto do intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual ao redor da meta de 3,00% ao ano definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Já para 2026, a alta foi de 0,06 ponto percentual, de 4,22% para 4,28%. Para 2027, a projeção se manteve estável em 3,90%.
Em relação ao câmbio, as projeções foram mantidas em R$/US$ 6,00 para 2025 e 2026 e em R$/US$ 5,93 para 2027.
Já em relação à Selic, as previsões para 2025, 2026 e 2027 se mantiveram em 15,00%, 12,50% e 10,38% ao ano, respectivamente.
Por fim, as previsões para o PIB de 2024 (2,06%), 2025 (1,72%) e 2026 (1,96%) também ficaram estáveis em reação ao Focus da semana passada.
Trump anuncia tarifas contra México, Canadá e China
O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou a implementação de tarifas de 25% sobre produtos do México e do Canadá (exceção feita ao petróleo, em que a tarifa será de 10%) e de 10% adicionais sobre produtos da China válidas a partir de amanhã, 4. A justificativa dada por Trump para implementar as tarifas foi a entrada de fentanil oriundo desses países nos EUA.
Já nesta segunda-feira, a presidente do México, Claudia Sheinbaum, anunciou um acordo feito com os EUA para suspender a taxação por pelo menos um mês em troca de maior patrulhamento da fronteira com os EUA. Já o presidente do Canadá, Justin Trudeau, tem um encontro marcado com Trump ainda nesta segunda-feira para tentar reverter a decisão. Enquanto isso não acontece, o governo canadense anunciou que implementará uma tarifa de retaliação de 25% sobre os produtos americanos.
Com relação à China, o Ministério do Comércio chinês expressou “forte insatisfação” com a medida anunciada por Trump e prometeu “contramedidas correspondentes”, enquanto fontes afirmam que o governo chinês está trabalhando em concessões para tentar reverter a medida, incluindo mais importações, mais investimentos nos EUA em áreas como baterias e veículos elétricos, renovação do compromisso de não desvalorizar o yuan, além do compromisso de reduzir as exportações de fentanil e da abertura para vender parte do TikTok.
Em reação ao anúncio, os mercados mexicano e canadense abriram em queda, enquanto os mercados chineses seguem fechados por conta do feriado do Ano Novo Lunar.
Inflação da Zona do Euro vem acima do esperado
O índice de inflação ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) da Zona do Euro teve alta de 2,5% em janeiro, na comparação anual, segundo dados divulgados hoje pelo Escritório de Estatísticas da União Europeia (Eurostat). O indicador veio levemente acima da expectativa, que era de manutenção da taxa em 2,4%, e se distanciou um pouco mais da meta de inflação de 2% ao ano do Banco Central Europeu (BCE).
Já o núcleo, que exclui os componentes mais voláteis (como alimentos e energia), manteve o ritmo das leituras anteriores, em 2,7%, em linha com a projeção do mercado.
Nossa visão: embora a leitura de hoje adicione algum risco à trajetória de desinflação da Zona do Euro, o resultado não deve alterar significativamente a trajetória dos juros na região no curto prazo. Considerando o ritmo fraco da atividade e o risco crescente de imposição de tarifas dos EUA sobre produtos europeus, continuamos projetando novo corte de juros por parte do BCE na próxima reunião em março.
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