IPCA-15 de janeiro vem acima das expectativas e com composição ruim
No Radar do Mercado: a inflação medida pelo IPCA-15 desacelerou em relação a dezembro, mas menos do que o esperado. Enquanto isso, na Europa, índice de gerentes de compra surpreende e supera expectativas do mercado
Por Itaú Private Bank
O IBGE divulgou hoje o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) de janeiro com alta de 0,11%, acima da nossa projeção (0,06%) e da mediana das expectativas do mercado (-0,02%), mas abaixo da taxa registrada em dezembro (0,31%). Em 12 meses, o indicador acumula alta de 4,50%, abaixo dos 4,71% observados nos 12 meses imediatamente anteriores.
Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, oito registraram aumento em janeiro. O grupo “Alimentação e bebidas” apresentou a maior variação (1,06%) e o maior impacto no índice (0,23 p.p.), registrando alta pelo quinto mês consecutivo. Já o grupo “Habitação” foi o único a registrar deflação (-3,43%) e ajudou a limitar uma alta maior (-0,52 p.p.). Vale destacar também a queda relevante nos preços de energia elétrica (-15,5%), impactados pelo bônus de Itaipu.
Com relação às medidas de núcleo, que possuem maior relação com o ciclo econômico, os serviços subjacentes vieram acima das expectativas, puxados por aluguel residencial, enquanto industriais subjacentes vieram abaixo do esperado, puxados por vestuário.
Nossa visão: apesar da leitura mensal relativamente baixa, influenciada pelo impacto negativo nos preços de energia elétrica, o IPCA-15 de janeiro veio acima das expectativas e com um qualitativo pior do que o esperado, com destaque para a surpresa altista em serviços subjacentes. A divulgação de hoje confirma a tendência de piora dos núcleos de inflação, que devem permanecer pressionados nas próximas divulgações.
PMI da Zona do Euro surpreende
O índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) composto da Zona do Euro avançou em dezembro, para 50,2, acima do esperado pelo mercado (49,7) e da leitura anterior (49,6). O resultado acima de 50 pontos indica que a atividade está em patamar expansionista e marca a maior leitura desde agosto.
O crescimento se deve à expansão do setor manufatureiro, que subiu 1,0 ponto e chegou a 46,1, acima das projeções de mercado (45,5), enquanto o setor de serviços recuou 0,2, para 51,4, ligeiramente abaixo das projeções (51,5).
Apesar da leitura mais benigna para atividade econômica, os custos dos insumos de produção aumentaram consideravelmente, atingindo sua maior taxa dos últimos 21 meses. Segundo a pesquisa, as empresas também aumentaram os preços de venda em um ritmo mais acelerado.
Nossa visão: o resultado divulgado hoje surpreende e é compatível com um novo corte de juros por parte do Banco Central Europeu (BCE) na próxima reunião, na quinta-feira (30). Na margem, a leitura de uma atividade mais forte do que o antecipado e preços pressionados – diante da desvalorização cambial e preços de energia mais altos – afasta a discussão de aceleração no ritmo de cortes. A trajetória de juros adiante deve permanecer dependente da evolução dos dados e dos possíveis impactos de eventuais novas tarifas a serem implementadas pelo governo de Donald Trump nos EUA.
💬 O que achou deste conteúdo?
Leia também
Confira outras edições do No Radar do Mercado:
Dominância fiscal no Brasil: em que pé estamos?
No Radar do Mercado: a trajetória da dívida e a deterioração das contas públicas vêm [...]
Donald Trump toma posse como presidente dos EUA
No Radar do Mercado: no primeiro dia de mandato, Trump assinou medidas de restrição à [...]
Temas locais e globais para ficar de olho em 2025
No Radar do Mercado: aproveitamos este início de ano para fazer uma revisão especial [...]