Donald Trump toma posse como presidente dos EUA
No Radar do Mercado: no primeiro dia de mandato, Trump assinou medidas de restrição à imigração, saiu do Acordo de Paris e mencionou a implementação de tarifas sobre produtos importados, mas sem anúncio oficial
Por Itaú Private Bank
Donald Trump tomou posse oficialmente ontem, 20, como 47º presidente dos EUA. Em seu abrangente discurso de posse, o republicano falou sobre liberdade de expressão, gênero, expansão territorial, guerras em curso, indústria de petróleo e gás, além de controle da inflação, imigração e tarifas. Após o discurso, Trump também assinou diversos decretos que implementaram parte das medidas anunciadas anteriormente.
Em relação aos temas que podem ter maior impacto econômico, Trump anunciou a Declaração de Emergência Nacional na fronteira com o México e prometeu enviar as Forças Armadas à região para impedir a entrada de qualquer imigrante ilegal. O republicano também resgatou uma medida do seu primeiro mandato, “Remain in Mexico”, na qual imigrantes que pedem asilo precisam aguardar a aprovação de seu pedido em território mexicano e assinou decreto que prevê o fim da cidadania por nascimento nos EUA para filhos de imigrantes ilegais ou de turistas, apesar de ainda não estar claro a constitucionalidade e a implementação dessa medida.
Quanto às tarifas sobre produtos importados, o novo presidente dos EUA não anunciou nenhuma medida concreta, mas afirmou que a arrecadação obtida com essas tarifas deve cobrir a planejada renovação dos cortes de impostos aprovados em seu primeiro mandato. A falta de anúncio de medidas práticas ontem já era parcialmente esperada, o que deve ocorrer ainda no começo do governo. Perguntado pouco depois sobre o tema, Trump disse pensar em aplicar tarifas amplas de 25% sobre produtos vindos do México e do Canadá, associadas a questões imigratórias.
Com relação à China, o republicano sinalizou possíveis tarifas de 100%, caso os chineses não consigam aprovar um acordo para vender o TikTok a uma empresa americana. No curto prazo, no entanto, nossa expectativa é que Trump reverta o Acordo Fase 1 assinado com a China que reduziu algumas das tarifas, e ainda promova um aumento adicional sobre esta cesta.
Além desses países, Trump ainda mencionou a possibilidade de taxar produtos vindos da União Europeia, caso os europeus não se comprometam a comprar petróleo e gás dos EUA, e a possibilidade de uma tarifa global de até 10%, embora “não esteja preparado para isso ainda”, o que seria uma medida mais extrema do que o esperado pelos mercados.
Trump também declarou uma “emergência energética nacional”, como forma de driblar os requisitos de licenciamento e a aprovação de projetos e passar a utilizar a autoridade da supervisão de emergência enquanto o Congresso debate uma ampla reforma do setor. Com isso, empresas de petróleo e gás devem ser beneficiadas pela aprovação mais célere de novos pontos de extração que estavam suspensos sob o governo Biden.
O presidente Donald Trump também assinou ordens executivas que tratam da saída dos EUA do Acordo de Paris, do fim do financiamento à OMS, do perdão aos réus da invasão ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021, entre outros temas. Por fim, quando perguntado sobre a relação com o Brasil e a América Latina, Trump respondeu que a relação é excelente, mas que a região precisa mais dos EUA do que o contrário. Mais cedo, o presidente Lula já tinha afirmado que torce para que Trump faça uma “gestão profícua” à frente da Casa Branca.
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