Banco Central Europeu corta juros e indica proximidade do fim do ciclo

No Radar do Mercado: autoridade monetária da Zona do Euro entregou corte amplamente esperado pelo mercado, indicando estar próximo do final do ciclo de cortes. Na China, setor de serviços expande, mas não compensa queda da indústria em maio

Por Itaú Private Bank

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BCE reduz juros e Lagarde indica proximidade do fim de ciclo

O Banco Central Europeu (BCE) reduziu as principais taxas de juros da Zona do Euro em 0,25 ponto percentual nesta quinta-feira, 5, em linha com o esperado pelo mercado. Com isso, a taxa de depósito passou a ser de 2,00%, a de refinanciamento passou a ser de 2,15% e a de empréstimos, 2,40%. Foi o oitavo corte realizado pela entidade no atual ciclo de flexibilização monetária.

Em comunicado, o BCE informou que a inflação está atualmente próxima da meta de 2,0% ao ano, e que a maior parte das medidas de inflação subjacente sugerem que os preços irão se estabilizar ao redor da meta. A autoridade monetária também entende que a moderação das tensões comerciais reduziu a preocupação de um impacto mais restritivo nas condições financeiras advinda das tarifas. Apesar disso, a incerteza das negociações entre a União Europeia e o EUA mantém as autoridades vigilantes para os próximos capítulos.

O BCE também divulgou projeções atualizadas para os principais indicadores econômicos da região. Sobre a inflação, as expectativas foram reduzidas de 2,3% para 2,0% em 2025 e de 2,0% para 1,6% em 2026. Para 2027, foram mantidas em 2,0%. Já a estimativa para o núcleo da inflação, que exclui componentes mais voláteis, foi elevada de 2,2% para 2,4% em 2025, enquanto a de 2026 foi de 2,0% para 1,9% e a de 2027, foi mantida em 1,9%. Em relação ao PIB, a projeção para a região foi mantida em 0,9% para 2025, ajustada para 1,1% em 2026 (ante 1,2%) e mantida em 1,3% em 2027.

Sobre os próximos passos, a autoridade monetária não se comprometeu com nenhuma trajetória específica à frente, enfatizando que os próximos passos serão decididos “reunião a reunião” e à luz dos dados disponíveis, da dinâmica da inflação subjacente e da força da transmissão da política monetária.

Nossa visão: em coletiva de imprensa, a presidente do BCE, Christine Lagarde, afirmou que, com a redução de hoje, o patamar de juro atual se encontra em nível próximo ao fim do ciclo de cortes. No geral, apesar da revisão das projeções – de inflação e atividade para baixo – ter dado um tom mais brando, o discurso adotado por Lagarde foi mais duro, sinalizando pouca disposição para levar a taxa de juros para patamar acomodativo aos olhos de hoje. Mas manteve a porta aberta, ressaltando o cenário incerto da política comercial.

Na China, PMI Caixin de serviços acelera, mas não compensa queda da indústria

O Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) de serviços da China subiu de 50,7 em abril para 51,1 em maio, segundo dados divulgados pelo Caixin na noite desta quarta-feira, 4. O resultado veio levemente acima das expectativas do mercado (51,0). A leitura acima dos 50 pontos sinaliza continuidade da expansão da atividade no setor pelo 29º mês consecutivo.

O destaque positivo ficou com o avanço de novos negócios, especialmente no mercado doméstico, o que levou empresas a aumentarem contratações. Os custos no setor continuaram a avançar, em parte por conta de salários mais elevados.

Apesar da boa notícia em serviços, a retração registrada na produção manufatureira fez o PMI composto da China cair de 51,1 em abril para 49,6 em maio, ficando abaixo do nível neutro (50) pela primeira vez desde dezembro de 2022.

Nossa visão: o recuo no PMI composto sugere um início de segundo trimestre mais desafiador para a economia chinesa. O menor ímpeto no setor industrial, somada às incertezas nas negociações comerciais com os EUA e à queda nos novos pedidos de exportação, tende a limitar o ritmo de recuperação. Por outro lado, as medidas de estímulo já adotadas devem ajudar a mitigar tais impactos.

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