BCE reduz juros da Zona do Euro pela sétima vez no atual ciclo

No Radar do Mercado: Banco Central Europeu ressalta maior preocupação com atividade e reduz juros novamente

Por Itaú Private Bank

5 minutos de leitura

O Banco Central Europeu (BCE) reduziu as principais taxas de juros da Zona do Euro em 0,25 ponto percentual nesta quinta-feira, 17, em linha com o esperado pelo mercado. Com isso, a taxa de depósito passou a ser de 2,25%, a de refinanciamento passou a ser de 2,40% e a de empréstimos, 2,65%. Foi o sétimo corte realizado pela entidade no atual ciclo de flexibilização monetária.

No comunicado da decisão, o BCE afirmou que o processo desinflacionário está bem encaminhado e que a inflação se estabilizará, de forma sustentada, em torno da meta de 2,0% ao ano, indicando que tanto a inflação global quanto a subjacente recuaram em março, além de a inflação de serviços ter desacelerado consideravelmente nos últimos meses. A autoridade monetária também entende que o crescimento dos salários registrou uma leve moderação, assim como os lucros, o que pode aliviar, em parte, a pressão inflacionária recente.

Diante da elevada incerteza causada pelas tarifas impostas pelos EUA, a presidente do BCE, Christine Lagarde, reconheceu que os riscos baixistas para atividade aumentaram. A interpretação atual é de que a Zona do Euro se mostrou resiliente frente aos choques nos mercados globais causados pela questão tarifária até aqui. Contudo, a incerteza tende a afetar negativamente a confiança das famílias e das empresas, e a reação adversa dos mercados também pode contribuir para um aperto nas condições financeiras à frente.

O aumento dos gastos fiscais na Europa deve atuar em sentido oposto, tendo impacto positivo na atividade e na inflação, mas dado o cenário pouco claro adiante, Lagarde afirmou que a autarquia deve permanecer ágil, sem se comprometer com uma trajetória específica à frente e afirmando que seguirá uma abordagem dependente dos dados e reunião a reunião.

Nossa visão: a decisão dovish divulgada hoje sinalizou uma preocupação adicional com a atividade, mostrando maior apetite da autoridade para a continuidade dos cortes, o que poderia eventualmente reduzir os juros para abaixo da taxa neutra (estimada ao redor de 2%). Ainda diante de elevada incerteza, as atenções se voltam agora para a reunião de junho, quando o BCE atualizará suas projeções econômicas e trará mais informações a respeito do impacto da agenda tarifária americana e dos maiores esforços fiscais europeus que foram incorporados aos cálculos da autarquia.

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