Copom mantém taxa Selic estável e adota tom moderado

No Radar do Mercado: o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve a taxa Selic em 10,50% ao ano

Por Itaú Private Bank

3 minutos de leitura

Conforme esperado, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve a taxa Selic em 10,50% ao ano. Dada a deterioração do cenário para a inflação, evidenciado pelo aumento contínuo das expectativas, o tom geral do comunicado foi bastante moderado.

O comitê destacou as incertezas com relação aos cortes dos juros nos Estados Unidos. Além disso, citou a menor sincronia nos ciclos de política monetária no ambiente internacional. No cenário doméstico, houve novamente menção à resiliência da atividade econômica e do mercado de trabalho, além da inflação persistente.

As projeções de inflação do comitê aumentaram, e houve a apresentação de três riscos de alta: a desancoragem das expectativas por período prolongado, maior resiliência da inflação de serviços, além de políticas econômicas externas e internas com impacto inflacionário, como por meio de uma taxa de câmbio depreciada. Entre os riscos de baixa, destacou uma desaceleração mais acentuada da economia global e a desinflação global mais intensa do que o esperado. A julgar pelas comunicações anteriores, o fato de o comunicado apresentar mais riscos de alta do que de baixa não implica um balanço assimétrico para cima – de fato, essa avaliação explícita não foi mencionada.

Diante disso, avaliou que as conjunturas exigem maior cautela e vigilância, mas não chegou a dar um sinal claro de que considera ter uma reação mais forte, ou seja, uma alta nos juros. Em suma, a mensagem não parece ser de um comitê que está pronto para reagir, pelo menos por enquanto.

Por ora, esperamos que a taxa Selic siga inalterada até o final de 2024, embora com crescente preocupação se isso será suficiente para trazer a inflação para a meta. Saberemos mais detalhes sobre a decisão na ata da reunião, que será divulgada na terça-feira, 6 de agosto.

Nossa visão para os mercados

A decisão de hoje deve ter efeitos reduzidos nos mercados na abertura dos negócios amanhã. Por um lado, o mercado já contava com a manutenção da Selic em 10,50%. Por outro, o contexto de maior diligência e cautela descrito pela autoridade monetária deve ajudar a sustentar a expectativa de alta da Selic que existe na parte curta da curva de juros prefixada. Com isso, as taxas nominais e reais devem reagir mais à evolução do cenário internacional, lembrando que hoje também tivemos decisão de juros nos EUA, com sinalização de possível corte de juros em setembro, o que pode mover os mercados nos próximos dias.

Diante dos desafios e incertezas domésticas e internacionais, reiteramos nossa recomendação acima do neutro para ativos de renda fixa de juro real (IPCA+), que oferecem taxas atrativas com o diferencial da preservação do poder de compra. Ativos prefixados também oferecem prêmio interessante, porém, devido à sua natureza nominal, entendemos que manter alocação neutra nesta classe continua a fazer mais sentido. Por fim, diante da perspectiva de juros elevados por mais tempo, ativos pós-fixados devem continuar a apresentar bom desempenho.

O anúncio de hoje também deve ter pouco impacto em nossa moeda. Se a perspectiva de cortes de juros nos EUA em algum momento deste semestre pode contribuir para uma valorização do Real frente ao dólar, as demais incertezas do cenário podem adiar este movimento. Com isso, continuamos sem alocação em moedas.

Por fim, a mensagem do comunicado de que a taxa Selic deve permanecer no nível atual por mais tempo é negativa para a renda variável, pois diminui a sua atratividade relativa frente à renda fixa. Neste ambiente de juro alto por mais tempo, recomendamos alocação abaixo do neutro na bolsa brasileira.

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