Em meio ao shutdown, Fed corta juros novamente
No Radar do Mercado: conforme esperado, o banco central americano reduziu a taxa de juros para intervalo entre 3,75% e 4,00% em meio ao apagão de dados
Por Itaú Private Bank
O Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) decidiu cortar a taxa de juros americana em 0,25 ponto percentual, para o intervalo entre 3,75% e 4,00% ao ano. A decisão não foi unânime. Um diretor votou por um corte maior, de 0,50 p.p., enquanto outro membro preferiu não alterar os juros.
Em documento, o Comitê avaliou que os indicadores recentes sugerem uma expansão moderada da atividade econômica. Houve desaceleração na criação de empregos e uma leve alta na taxa de desemprego (que, apesar disso, permanece em nível baixo). A inflação, por sua vez, segue relativamente elevada. O Comitê reiterou seu compromisso com o mandato de máximo emprego e de inflação na meta de 2,0%, e seguiu destacando que os riscos negativos para o mercado de trabalho aumentaram nos últimos meses.
Com relação à redução do balanço patrimonial (QT, na sigla em inglês), o Comitê decidiu encerrar a redução do balanço no dia 1º de dezembro, reconhecendo que as reservas já estão em patamar ligeiramente acima do que consideram consistente para a condição de reservas “amplas”.
Por fim, sobre os próximos passos, o Comitê afirmou que ajustará a política monetária nas próximas reuniões conforme for apropriado, levando em consideração dados do mercado de trabalho, as expectativas e as pressões inflacionárias.
Powell: corte de dezembro não é um resultado garantido
Na coletiva de imprensa realizada após a reunião, Jerome Powell, presidente do Fed, afirmou que não há um consenso entre os membros sobre a próxima decisão, marcada para dezembro, e indicou que um corte nesta reunião “não é um resultado garantido”. Também ressaltou que as visões dos membros a respeito dos riscos altistas para inflação e baixistas para o emprego são bastante divergentes, ressaltando o ponto de que a próxima decisão permanece em aberto.
Além disso, foi questionado sobre os impactos do shutdown na condução da política monetária. Powell destacou que a paralisação do governo, caso persista, pode pesar sobre a atividade econômica. Também reconheceu que o momento atual impõe limitações no acesso a dados, levando o Comitê a levar em consideração as informações disponíveis.
Powell adicionou que, diante das incertezas e da limitação de dados no momento, o Fed pode adotar uma postura mais cautelosa, indicando uma possível redução na celeridade de cortes até que o cenário se torne mais claro.
A decisão veio mais dura do que o esperado pelo mercado, sugerindo uma barra mais baixa para a eventual interrupção do ciclo de cortes do que se antecipava anteriormente. Como consequência, o mercado reduziu sua precificação para a reunião de dezembro, ainda que siga mais inclinado para um novo corte.
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