BCE segue com as taxas de juros inalteradas em outubro; PIB da Zona do Euro surpreende
No Radar do Mercado: decisão do BCE veio em linha com o esperado, enquanto o PIB europeu mostrou resiliência do bloco. No Brasil, IGP-M recua mais do que o esperado
Por Itaú Private Bank
BCE mantém taxas inalteradas e reforça postura dependente da evolução dos dados
O Banco Central Europeu (BCE) decidiu manter as principais taxas de juros da Zona do Euro inalteradas nesta quinta-feira, 30, em linha com o esperado pelo mercado. Com isso, a taxa de depósito continua a ser de 2,00%, a de refinanciamento de 2,15% e a de empréstimos, 2,40%. O BCE já havia pausado, desde julho, o ciclo de afrouxamento monetário iniciado em meados de 2024.
Em comunicado, o BCE informou que a inflação permanece em linha com a meta de 2,0% ao ano, e que as perspectivas de inflação seguem, em geral, inalteradas. Sobre o cenário, o ente julga que a economia do bloco mantém um crescimento firme, ainda que em meio a um ambiente global desafiador, apoiada por um mercado de trabalho robusto e balanço do setor privado sólido.
A autoridade monetária também não se comprometeu com nenhuma trajetória específica à frente, enfatizando que os próximos passos serão decididos “reunião a reunião”. O BCE que as perspectivas permanecem incertas, devido, em particular, às disputas comerciais globais e às tensões geopolíticas em curso.
Na coletiva de imprensa, Christine Lagarde, presidente da autarquia, adotou um tom marginalmente mais duro, ao reconhecer que o os riscos baixistas para o crescimento diminuíram – enquanto os riscos altistas permaneceram no mesmo lugar e os dados correntes surpreenderam positivamente. Também notou que os riscos potencialmente disruptivos envolvendo as terras raras na cadeia de suprimentos global apresenta um risco de alta para a inflação.
Nossa visão: a decisão e a comunicação adotada hoje reforçam a nossa visão – e consensual no mercado – de que o Banco Central Europeu encerrou o ciclo de cortes de juros, diante de uma inflação na meta, atividade resiliente e riscos balanceados à frente.
PIB da Zona do Euro cresce 0,2% no terceiro trimestre, acima do esperado
O Produto Interno Bruto (PIB) da Zona do Euro avançou 0,2% no terceiro trimestre de 2025 frente aos três meses anteriores, segundo dados divulgados nesta quinta-feira, 30, pelo Eurostat. O número veio acima das expectativas do mercado, que previam um crescimento de 0,1% no período. Em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, a economia do bloco cresceu 1,3%, também superando as projeções (1,2%).
Na composição por países, houve surpresa positiva vindo da França, que registrou alta de 0,5% no PIB, impulsionada pelo aumento das exportações. A Espanha também registrou alta relevante, subindo 0,6%. Por outro lado, a Itália e a Alemanha apresentaram estagnação, com crescimento nulo.
Nossa visão: o dado reforça a leitura de que a atividade na região segue mais resiliente do que o esperado, reconhecida pela Lagarde na reunião hoje.
IGP-M registra deflação em outubro
A Fundação Getúlio Vargas (FGV) divulgou nesta quinta-feira, 30, o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), que registrou queda de 0,36% em outubro, abaixo da queda esperada pelo mercado (-0,23%). Com isso, a taxa acumulada em 12 meses passa a ser de 0,92% frente aos 2,82% em setembro.
O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) agrícola registrou queda de 1,45%, com influência baixista de leite, soja, café e bovinos. Já o IPA industrial registrou deflação de 0,28%, com influência baixista de farelo de soja, parcialmente compensada pela influência altista de carne bovina e carne de aves. No sentido contrário, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) avançou 0,16%, enquanto o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) acelerou para 0,21%, repetindo o resultado do mês passado.
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