Fed corta juros, mas projeta menos cortes em 2025 e 2026
No Radar do Mercado: em decisão dividida, banco central americano reduziu a taxa de juros para o intervalo de 4,25% a 4,5% e projetou juros e inflação mais altos nos próximos anos
Por Itaú Private Bank
O Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) cortou a taxa de juros americana em 0,25 ponto percentual, para o intervalo de 4,25% a 4,5%, mantendo o ritmo apresentado na reunião passada. A decisão do comitê veio em linha com as expectativas do mercado, mas não foi unânime. Um dos membros do Fomc votou pela manutenção da taxa de juros no intervalo anterior.
O documento divulgado após a reunião indicou que, na visão do comitê, a atividade econômica segue expandindo em um ritmo sólido e as condições do mercado de trabalho afrouxaram desde o começo do ano, com a taxa de desemprego aumentando, mas ainda baixa. Já sobre a inflação, o comunicado afirma que a taxa permanece elevada, mas progrediu em direção à meta de 2,0% ao ano. Dessa forma, o comitê disse que os riscos envolvendo o mandato de máximo emprego e convergência da inflação à meta estão praticamente equilibrados.
O comunicado não revelou quais devem ser os próximos passos da política monetária. O comitê apenas reafirmou seu compromisso de conduzir a inflação para a meta e ajustar a política monetária como for apropriado, levando em consideração dados do mercado de trabalho, as expectativas de inflação e as condições econômicas globais para as próximas decisões.
Projeções do comitê: revisão para cima nos juros e na inflação
A reunião também trouxe atualizações das projeções do comitê para as principais variáveis econômicas dos EUA. A autoridade revisou para cima as expectativas para a taxa de juros em 2025 (3,9%) e 2026 (3,4%), ante os 3,4% e 2,9% respectivamente projetados em setembro, o que indica uma redução de mais 0,5 ponto percentual ao longo do ano que vem e mais 0,5 p.p. em 2026. Vale destacar, também, que a projeção para o juro de longo prazo segue aumentando gradualmente, atingindo 3,0% na divulgação de hoje.
O comitê revisou também as projeções para a inflação dos próximos anos. A expectativa agora é que a inflação e o núcleo atinjam 2,5% ao final de 2025. As previsões de setembro eram de taxas de 2,1% e 2,2%, respectivamente. Já para o PIB de 2025, a previsão foi revisada ligeiramente para cima (de 2,0% para 2,1%), enquanto a previsão da taxa de desemprego do ano que vem foi revisada ligeiramente para baixo (de 4,4% para 4,3%).
Powell: economia e política monetária estão bem-posicionadas
Na conferência de imprensa após a reunião, Jerome Powell, presidente do Fed, justificou a decisão tomada pelo comitê indicando o progresso da desinflação e o desaquecimento gradual do mercado de trabalho.
Powell afirmou que as projeções do comitê para as variáveis macroeconômicas não são um compromisso a ser alcançado e que as decisões da autoridade monetária não estão em um curso predefinido, mas disse que a política monetária agora é significativamente menos restritiva do que antes, que está mais próxima da taxa de juros considerada neutra e que, portanto, o comitê precisa ser mais cauteloso nos próximos passos.
O presidente do Fed também afirmou acreditar que tanto a economia quanto a política monetária estão bem-posicionadas e que o ritmo mais lento de cortes projetados à frente é reflexo do crescimento econômico mais forte e do baixo desemprego, o que também pode levar a economia americana a conviver com um processo de desinflação mais lento do que o inicialmente imaginado.
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