FMI projeta crescimento global menor em 2025 e 2026

No Radar do Mercado: Fundo Monetário Internacional divulgou relatório em que destaca o impacto das tarifas comerciais sobre o crescimento global. No Brasil, nova edição do Relatório Focus atualiza projeções do mercado para IPCA, PIB e câmbio

Por Itaú Private Bank

5 minutos de leitura

O Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou nesta terça-feira, 22, o World Economic Outlook (WEO), relatório que traz as projeções da entidade para a economia mundial, destacando o impacto das tarifas comerciais e o aumento da incerteza, que contribuem para a revisão para baixo do crescimento global. Na projeção de referência do FMI, que inclui as tarifas anunciadas entre 1º de fevereiro e 4 de abril pelos EUA e a reação dos demais países, o crescimento global foi revisado de 3,3% para 2,8% em 2025 e de 3,3% para 3,0% em 2026.

Em um cenário alternativo, em que as tarifas de abril não seriam aplicadas, o crescimento global teria sofrido apenas uma modesta revisão para baixo, para 3,2% neste e no próximo ano. Já no cenário que incorpora os anúncios feitos após 4 de abril, com redução das tarifas sobre a maioria dos países e elevação da taxação sobre a China, as projeções não mudam de forma significativa em relação ao cenário de referência. Apesar da desaceleração, o crescimento global projetado permanece bem acima dos níveis de recessão.

Vale destacar que houve revisões substanciais entre os países. A estimativa de crescimento dos EUA foi revisada para 1,8% este ano, 0,9 p.p. a menos do que em janeiro. Para a China, a previsão foi reduzida em 0,6 p.p., para 4%, e para a Europa, a revisão para baixo foi de 0,2 p.p, para 0,8%. Para China e Zona do Euro, o FMI entende que um estímulo fiscal mais forte proporcionará algum suporte ao crescimento neste e no próximo ano.

Já no que diz respeito aos emergentes, o FMI estimou que os países podem enfrentar desaceleração expressiva, dependendo de onde as tarifas se estabelecerem, e reduziu a previsão de crescimento para o grupo em 0,5 p.p, para 3,7%. Isso inclui revisão para baixo de 0,2 p.p. na estimativa de crescimento do Brasil em relação à última projeção feita em janeiro, para 2,0%, tanto em 2025 quanto em 2026.

Para remediar a desaceleração do crescimento global, as recomendações do FMI passam por maior colaboração entre os países, com o estabelecimento de acordos mutuamente benéficos que possam ajudar a restaurar a estabilidade da política comercial. A política monetária também precisará ser ágil. Alguns países poderão enfrentar trade-offs mais acentuados entre inflação e atividade. Em outros, as expectativas de inflação poderão ficar menos ancoradas, com um novo choque inflacionário logo após o anterior. Já na parte fiscal, o FMI entende que são poucos os países que têm espaço para novos estímulos e sugere que eventuais pedidos de ajuda permaneçam direcionados de forma restrita.

Confira o relatório completo (em inglês).

Focus: projeção menor para inflação e maior para o PIB de 2025

Imagem ilustrativa da tabela com principais atualizações do Boletim Focus

O Banco Central divulgou nesta terça feira, 22, mais uma edição do Relatório Focus, com uma revisão baixista para a inflação de 2025. A mediana das expectativas do mercado foi de 5,65% para 5,57%, ainda bem acima do teto do intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual ao redor da meta de 3,00% ao ano definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

Nesta edição, as expectativas para a inflação de 12 meses à frente (um indicador importante para o Copom) registraram um novo recuo, desta vez de 5,01% para 4,95%, enquanto as projeções para 2026 (4,50%) e 2027 (4,00%) seguiram as mesmas.

Para o câmbio, a expectativa para 2025 se manteve estável em R$/US$ 5,90. Para 2026, houve uma leve oscilação, de R$/US$5,97 para R$/US$5,96. Já para 2027, a projeção permaneceu em R$/US$ 5,89.

Em relação ao PIB, o relatório indicou um crescimento de 1,98% para 2,0% em 2025 e de 1,61% para 1,70% em 2026. Para 2027, não houve variação (2,00%). Já para a Selic, as projeções seguiram em 15,00% a.a. para 2025, 12,50% a.a. para 2026 e 10,50% a.a. em 2027.

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