FMI projeta desaceleração do crescimento global e alerta para riscos fiscais e institucionais
No Radar do Mercado: novo relatório World Economic Outlook prevê crescimento inferior ao registrado em 2024 para os próximos dois anos; No Brasil, IBC-Br vem abaixo das expectativas
Por Itaú Private Bank
O Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou a nova edição do World Economic Outlook (WEO), projetando crescimento global de 3,2% em 2025 e 3,1% em 2026, após avançar 3,3% em 2024. Segundo o relatório, a atividade mundial ainda está se ajustando a um ambiente de maior protecionismo e fragmentação geopolítica, com a inflação recuando de forma divergente entre as economias, ainda acima da meta nos Estados Unidos e mais contida em outras regiões como a Zona do Euro.
A expectativa é de que nos países desenvolvidos o crescimento fique em torno de 1,5%, enquanto as economias emergentes devem avançar levemente acima de 4%. O FMI destacou que os riscos para a atividade seguem baixistas, dado o cenário de incerteza prolongada, de mais protecionismo e choques na oferta de mão de obra. Além disso, a maior vulnerabilidade fiscal, potenciais correções no mercado financeiro e enfraquecimento das instituições também são riscos para a estabilidade econômica global.
Nos capítulos que discutem a parte mais estrutural da economia global, os mercados emergentes receberam destaque, demonstrado notável resiliência a choques de aversão ao risco nos últimos anos. Embora as condições externas favoráveis tenham contribuído, o FMI enfatizou que melhorias nos arcabouços de política econômica foram fundamentais no fortalecimento dos emergentes. As mudanças reduziram a dependência de intervenções cambiais, com os bancos centrais menos sensíveis à interferência fiscal e mais influentes sobre as condições de financiamento doméstico.
Além disso, o relatório ressaltou a importância de políticas críveis e sustentáveis ao redor do mundo, recomendando a reconstrução do espaço fiscal, preservação da independência dos bancos centrais e foco nos esforços por reformas estruturais. Também fez um alerta sobre o uso crescente de políticas industriais: embora possam fortalecer setores estratégicos, implicam custos fiscais e riscos de menor eficiência produtiva caso não sejam bem direcionadas.
IBC-Br avança menos do que o esperado em agosto
O Banco Central divulgou nesta quinta-feira, 16, o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) de agosto com aumento de 0,4% em relação ao mês anterior. O resultado veio abaixo das expectativas do mercado (0,7%). O avanço na comparação com o mesmo mês de 2024 foi de 0,12%, desacelerando com relação a última leitura, de 1,19%.
Vale lembrar que esse indicador, que acompanha a evolução da atividade econômica do país, agrega os resultados do setor de serviços e da produção industrial, além das estatísticas do setor agropecuário e impostos. No relatório atual, todos os segmentos apresentaram alta, com exceção do setor agropecuário, que registrou queda de -1,9%. O setor industrial subiu 0,9% na comparação mensal, seguido pelos impostos (0,7%) e serviços (0,2%).
Nossa visão: o IBC-Br voltou a território positivo, interrompendo a sequência de quedas dos últimos meses. Ainda assim, a leitura abaixo do esperado pelo mercado reforça a tendência já vista pelos indicadores de atividade de agosto divulgados pelo IBGE de uma desaceleração da atividade, o que deve persistir ao longo dos próximos meses.
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