IPCA-15 volta a acelerar em setembro
No Radar do Mercado: após deflação em agosto, IPCA-15 volta a registrar alta, enquanto isso, Banco Central divulga o Relatório de Política Monetária, atualizando suas projeções. Já nos EUA, PIB e inflação do segundo trimestre são revisados para cima
Por Itaú Private Bank

O IBGE divulgou nesta quinta-feira, 25, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) de setembro. O indicador apresentou uma alta mensal de 0,48%, acelerando em relação a agosto (-0,14%), mas veio um pouco abaixo das expectativas do mercado (0,52%). Nos últimos 12 meses, o IPCA-15 acumula alta de 5,32%, acima dos 4,95% observados em agosto.
Cinco dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados apresentaram alta. A maior delas veio do grupo “Habitação”, fortemente impactado pela alta de 12,17% na energia elétrica residencial com o fim da incorporação do Bônus de Itaipu. Os grupos “Vestuário”, “Saúde e cuidados pessoais”, “Educação” e “Despesas pessoais” também apresentaram altas no mês. Pelo lado das quedas, o grupo “Alimentação e bebidas” registrou a quarta queda seguida. Os grupos “Artigos de residência”, “Transportes” e “Comunicação” também recuaram.
Enquanto isso, os núcleos da inflação apresentaram movimentos opostos. Os serviços subjacentes desaceleraram de 5,6% para 4,8% na média móvel trimestral dessazonalizada e anualizada. Já os industriais subjacentes aceleraram de 3,0% para 3,9% na mesma métrica.
Nossa visão: o IPCA-15 de setembro apresentou uma surpresa baixista nos serviços subjacentes, concentrada em seguro de automóvel. Excluindo itens voláteis e temporários, observa-se, na verdade, uma aceleração dos serviços subjacentes, o que reforça o cenário de que a pressão sobre inflação de serviços deve continuar em meio a um mercado de trabalho aquecido.
Banco Central traz projeções inconsistentes com corte de juros ainda em 2025
O Banco Central divulgou nesta quinta-feira, 25, o Relatório de Política Monetária de setembro, reforçando o sinal dado na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), de que os indicadores econômicos não são consistentes com a discussão de cortes de juros já neste ano.
A previsão da autoridade monetária para o PIB de 2025 foi reduzida de 2,1% projetados em junho para 2,0% agora. Já a estimativa feita para o PIB de 2026 foi de 1,5%, abaixo, inclusive, do projetado pelo mercado no Boletim Focus (1,8%).
Em relação ao hiato do produto, métrica que estima a diferença entre o PIB e seu crescimento potencial, o Banco Central fez uma revisão importante para cima, inclusive no horizonte mais longo. Ou seja, a autoridade monetária estima que a economia ainda operará sem capacidade ociosa nos próximos trimestres. A projeção para o segundo e para o terceiro trimestre deste ano passou a ser 0,7% e 0,5%, respectivamente.
Já em relação à inflação, o relatório trouxe uma revisão modesta para baixo no curto prazo, entre o fim de 2025 e início de 2026. Já para o final de 2026 e 2027, as projeções permaneceram inalteradas, inclusive com a projeção para o primeiro trimestre de 2027, atual horizonte relevante de política monetária, mantida em 3,4%, conforme comunicado pós-Copom. Segundo a autoridade monetária, a queda gradual das expectativas de inflação e o real mais apreciado são forças baixistas para as projeções de inflação, enquanto a revisão para cima nas estimativas de hiato do produto é uma força altista para inflação.
Nossa visão: as revisões feitas no hiato do produto sinalizam que o Banco Central incorporou ao seu cenário fatores que ainda vinha tratando como incertos para a atividade e não descartamos novas revisões à frente. Assim, reforçamos nossa leitura de que o ciclo de corte de juros só deve começar no primeiro trimestre do ano que vem.
PIB e inflação dos EUA são revisados para cima
O Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA foi revisado de 3,3% para 3,8% na série anualizada para o segundo trimestre de 2025, segundo dados divulgados pelo Escritório de Análise Econômica (BEA, na sigla em inglês).
Na composição do dado, o destaque ficou com a revisão para cima do crescimento do consumo privado, de 1,6% para 2,5% na comparação trimestral anualizada. Com isso, a visão de que a demanda interna seguia em gradual arrefecimento perde força.
Além disso, o núcleo do Índice de Preços das Despesas de Consumo Pessoal (PCE, na sigla em inglês) dos EUA, que exclui componente mais voláteis, como energia e alimentos, também passou por revisão, de 2,5% para 2,6% no segundo trimestre do ano. Já o índice cheio para o mesmo período foi revisado de 2,2% para 2,1%.
Nossa visão: a revisão altista tanto do PIB quanto do consumo no segundo trimestre reforça a resiliência da economia americana. A expectativa para os próximos trimestres ainda é de moderação da atividade – com a esperada normalização da volatilidade observada nas exportações líquidas e estoques. Para a política monetária, a leitura de atividade mais forte e inflação ligeiramente mais pressionada possuem implicações mais duras, embora os dados mais recentes de mercado de trabalho ainda apontem para uma fraqueza maior.
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