Inflação dos EUA acelera e taxa de desemprego sobe no Brasil
No Radar do Mercado: núcleo do PCE cresceu em linha com esperado e reforçou leitura de atividade resiliente nos EUA. No Brasil, taxa de desempregou aumenta acima do esperado, enquanto governo federal cumpre formalmente meta fiscal de 2024
Por Itaú Private Bank
Inflação acelera em dezembro nos EUA
O núcleo do Índice de Preços das Despesas de Consumo Pessoal (PCE, na sigla em inglês) dos EUA, que exclui os componentes mais voláteis, como energia e alimentos, avançou 0,2% em dezembro, na comparação mensal, em linha com o esperado pelo mercado (0,2%) e acima da leitura do mês anterior (0,1%). Na base anual, o indicador manteve o ritmo de outubro e novembro, em 2,8%, também em linha com as expectativas.
O indicador “cheio” do PCE apresentou alta de 0,3% na comparação mensal, conforme o esperado, acelerando em relação ao mês anterior, quando cresceu 0,1%. Assim, na base anual, o indicador acelerou de 2,4% para 2,6%.
O Escritório de Análise Econômica (BEA, na sigla em inglês) também informou que os gastos pessoais dos consumidores subiram 0,7% em dezembro, acima do 0,5% esperado, enquanto os gastos ajustados pela inflação desaceleraram de 0,5% em novembro para 0,4%. Já a renda pessoal subiu 0,4%, conforme o esperado e acima dos 0,3% de novembro.
Nossa visão: a leitura de inflação em dezembro somada à quebra da composição do PIB do quarto trimestre divulgado ontem reforça a leitura de que a economia americana segue resiliente, provando adequada a postura do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), que nesta semana declarou não ter pressa para promover cortes adicionais nos juros e que seguirá adotando a estratégia dependente da evolução dos dados.
No Brasil, taxa de desemprego sobe em dezembro
Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua divulgados nesta sexta-feira, 31, pelo IBGE indicaram que a taxa de desemprego do trimestre encerrado em dezembro foi de 6,2%. O resultado veio acima da nossa projeção e da mediana das expectativas do mercado, ambas de 6,1%.
Na série com ajuste sazonal, a taxa de desemprego avançou de 6,5% no trimestre encerrado em novembro para 6,6% agora. O crescimento da taxa foi resultado do aumento da força de trabalho combinado com estabilidade da população ocupada.
A taxa de participação, por sua vez, ficou estável em 62,4%, e a população ocupada cresceu no setor formal (0,2%), mas contraiu no setor informal (-0,4%). Já do lado do rendimento, a massa salarial efetiva avançou 0,8%, impulsionada pelo aumento do rendimento médio, apesar da estabilidade do emprego.
Nossa visão: a taxa de desemprego registou alta acima da nossa expectativa, no entanto, os detalhes da pesquisa ainda indicam um mercado de trabalho resiliente, com ocupação formal avançando e salários acelerando em dezembro em relação a novembro.
Governo cumpre formalmente meta fiscal de 2024
Segundo o Banco Central, o resultado primário do setor público consolidado registou déficit de R$ 47,6 bilhões em 2024 (0,40% do PIB), sendo -R$ 45,4 bilhões (0,38% do PIB) referente ao governo central. Apesar disso, a meta fiscal foi considerada formalmente cumprida, já que créditos extraordinários para o enfrentamento das enchentes no Rio Grande do Sul e incêndios no Pantanal e na Amazônia, por exemplo, foram excluídos da conta. Excluindo essas despesas, o déficit primário do governo central atingiu 0,1% do PIB, dentro do intervalo de tolerância de 0,25% para mais ou para menos estabelecido na meta de 0% do PIB para 2024.
Com esses resultados, a dívida bruta do governo geral caiu de 77,7% do PIB em novembro para 76,1% do PIB em dezembro, sendo parte relevante da queda (1,7 p.p.) associada à venda de reservas internacionais por parte do Banco Central. Na comparação com o encerramento de 2023, no entanto, a dívida bruta aumentou cerca de 2,2 p.p..
Nossa visão: o governo conseguiu atingir o limite inferior da meta de resultado primário em 2024, após abatimentos de despesas do resultado efetivo. O cumprimento, porém, se mostrou bastante dependente do volume elevado de receitas extraordinárias ao longo do ano. Em 2025, por ora, não esperamos o cumprimento da meta de resultado primário, mas avaliamos que os riscos são de um resultado melhor do que o que esperamos, caso o governo consiga avançar novamente na agenda de aumento de receitas. Ainda assim, vemos desafios crescentes para a credibilidade de um ajuste fiscal dependente intensamente em receitas. Dessa forma, iniciativas que desaceleram o crescimento de despesas de forma estrutural e consequentemente levem a revisões na trajetória esperada da dívida pública serão mais relevantes para a melhora da percepção de risco doméstico.
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