Mercados resistem a outubro turbulento com ajuda do Fed e das big techs

International Markets: entre o shutdown do governo e o corte de juros nos EUA, os mercados atravessaram um período difícil, com muitos ruídos, mas conseguiram se sair bem

Por Itaú Private Bank

4 minutos de leitura

Outubro foi um mês agitado para os mercados globais, marcado por incertezas políticas, tensões comerciais e decisões importantes de política monetária.

Apesar dos desafios, os mercados mostraram resiliência, impulsionados por cortes de juros e resultados positivos das gigantes da tecnologia.

Confira os destaques:

O shutdown do governo americano

Um dos eventos mais relevantes do mês foi o shutdown do governo americano. A paralisação afetou diretamente a divulgação de dados econômicos cruciais, como emprego, inflação e crescimento, deixando investidores no escuro. Mesmo com dados alternativos apontando para uma desaceleração no mercado de trabalho, o impacto negativo no PIB do quarto trimestre é praticamente certo.

Apesar do cenário conturbado, o Federal Reserve (Banco Central dos EUA) manteve o foco na economia real e realizou o segundo corte de juros do ano. A decisão foi bem recebida pelo mercado, especialmente após a inflação de setembro vir abaixo do esperado. Juros mais baixos tendem a estimular o crédito e os investimentos, o que ajudou a sustentar o otimismo dos investidores.

Temporada de balanços e o protagonismo das big techs

A temporada de resultados corporativos chegou à metade com destaque para as chamadas “Sete Magníficas”, as grandes empresas de tecnologia dos EUA. Mais do que receitas robustas, o que chamou atenção foi o ganho de produtividade.

O uso intensivo de inteligência artificial, automação e escala permitiu que essas empresas entregassem mais com menos, impulsionando margens e sustentando o entusiasmo do mercado, mesmo em um ambiente global desafiador.

Crédito resiliente e corrida global por produtividade

Apesar das incertezas, o mercado de crédito se manteve estável, sem sinais de risco sistêmico. O cenário atual sugere uma expansão do ciclo de crédito, e não um aperto.

Paralelamente, uma tendência silenciosa, mas poderosa, vem ganhando força: a busca global por produtividade. Com o envelhecimento populacional e o crescimento econômico mais lento, países como Japão e China estão acelerando investimentos em robótica e automação. Os EUA continuam liderando, mas a competição está se intensificando.

Tensões comerciais

As relações entre EUA e China voltaram a sofrer tensões com a imposição de restrições chinesas à exportação de terras raras, minerais estratégicos para a indústria tecnológica. Em resposta, os EUA ameaçaram aumentar tarifas sobre produtos chineses.

Apesar do tom inicial mais assertivo, o presidente Trump recuou e sinalizou abertura para o diálogo, o que ajudou a conter a volatilidade. Ainda assim, o episódio reforça que os riscos geopolíticos seguem no radar dos investidores.

O que acompanhar em novembro

  • Reabertura do governo dos EUA: A retomada (ou não) das atividades pode trazer de volta dados econômicos cruciais.
  • Inflação: Com o Fed mais inclinado a manter juros baixos, os próximos números serão decisivos para novas decisões de política monetária.
  • Resultados corporativos: A reta final da temporada de balanços mostrará se o bom desempenho está restrito às big techs ou mais disseminado.
  • Geopolítica: As negociações comerciais entre EUA e China ainda podem gerar volatilidade nos mercados.

Conclusão

Outubro mostrou que, mesmo em meio a turbulências políticas, tensões comerciais e sinais de desaceleração econômica, os mercados globais conseguiram avançar — com destaque para o papel das empresas de tecnologia e a atuação do Fed. No entanto, os próximos meses serão decisivos para testar a sustentabilidade desse otimismo. Foco, cautela e atenção à qualidade dos ativos continuam sendo fundamentais.

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