Mercados resistem a outubro turbulento com ajuda do Fed e das big techs
International Markets: entre o shutdown do governo e o corte de juros nos EUA, os mercados atravessaram um período difícil, com muitos ruídos, mas conseguiram se sair bem
Por Itaú Private Bank
Outubro foi um mês agitado para os mercados globais, marcado por incertezas políticas, tensões comerciais e decisões importantes de política monetária.
Apesar dos desafios, os mercados mostraram resiliência, impulsionados por cortes de juros e resultados positivos das gigantes da tecnologia.
Confira os destaques:
O shutdown do governo americano
Um dos eventos mais relevantes do mês foi o shutdown do governo americano. A paralisação afetou diretamente a divulgação de dados econômicos cruciais, como emprego, inflação e crescimento, deixando investidores no escuro. Mesmo com dados alternativos apontando para uma desaceleração no mercado de trabalho, o impacto negativo no PIB do quarto trimestre é praticamente certo.
Apesar do cenário conturbado, o Federal Reserve (Banco Central dos EUA) manteve o foco na economia real e realizou o segundo corte de juros do ano. A decisão foi bem recebida pelo mercado, especialmente após a inflação de setembro vir abaixo do esperado. Juros mais baixos tendem a estimular o crédito e os investimentos, o que ajudou a sustentar o otimismo dos investidores.
Temporada de balanços e o protagonismo das big techs
A temporada de resultados corporativos chegou à metade com destaque para as chamadas “Sete Magníficas”, as grandes empresas de tecnologia dos EUA. Mais do que receitas robustas, o que chamou atenção foi o ganho de produtividade.
O uso intensivo de inteligência artificial, automação e escala permitiu que essas empresas entregassem mais com menos, impulsionando margens e sustentando o entusiasmo do mercado, mesmo em um ambiente global desafiador.
Crédito resiliente e corrida global por produtividade
Apesar das incertezas, o mercado de crédito se manteve estável, sem sinais de risco sistêmico. O cenário atual sugere uma expansão do ciclo de crédito, e não um aperto.
Paralelamente, uma tendência silenciosa, mas poderosa, vem ganhando força: a busca global por produtividade. Com o envelhecimento populacional e o crescimento econômico mais lento, países como Japão e China estão acelerando investimentos em robótica e automação. Os EUA continuam liderando, mas a competição está se intensificando.
Tensões comerciais
As relações entre EUA e China voltaram a sofrer tensões com a imposição de restrições chinesas à exportação de terras raras, minerais estratégicos para a indústria tecnológica. Em resposta, os EUA ameaçaram aumentar tarifas sobre produtos chineses.
Apesar do tom inicial mais assertivo, o presidente Trump recuou e sinalizou abertura para o diálogo, o que ajudou a conter a volatilidade. Ainda assim, o episódio reforça que os riscos geopolíticos seguem no radar dos investidores.
O que acompanhar em novembro
- Reabertura do governo dos EUA: A retomada (ou não) das atividades pode trazer de volta dados econômicos cruciais.
- Inflação: Com o Fed mais inclinado a manter juros baixos, os próximos números serão decisivos para novas decisões de política monetária.
- Resultados corporativos: A reta final da temporada de balanços mostrará se o bom desempenho está restrito às big techs ou mais disseminado.
- Geopolítica: As negociações comerciais entre EUA e China ainda podem gerar volatilidade nos mercados.
Conclusão
Outubro mostrou que, mesmo em meio a turbulências políticas, tensões comerciais e sinais de desaceleração econômica, os mercados globais conseguiram avançar — com destaque para o papel das empresas de tecnologia e a atuação do Fed. No entanto, os próximos meses serão decisivos para testar a sustentabilidade desse otimismo. Foco, cautela e atenção à qualidade dos ativos continuam sendo fundamentais.
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