S&P 500 bate recorde: será que as ações já estão caras demais?
International Markets: como os fundamentos econômicos sólidos sustentaram a alta dos índices mesmo em meio a tensões comerciais e rumores de interferência no Fed
Por Itaú Private Bank
O mês de julho trouxe um marco significativo para os mercados financeiros globais, com o S&P 500 alcançando um novo recorde histórico e atingindo 6.389 pontos pela primeira vez em sua história. Este desempenho excepcional foi impulsionado por uma combinação de fatores favoráveis: resultados corporativos sólidos, inflação em trajetória descendente e dados econômicos robustos nos Estados Unidos.
Apesar do otimismo inicial, a reta final do mês apresentou sinais de desaceleração. Muitos investidores começaram a questionar se as valorizações das ações já não estariam excessivamente elevadas. Mesmo com essa cautela, o índice acumula alta superior a 8% no ano.
Balanços dos grandes bancos – 17 instituições superam expectativas
A temporada de balanços do segundo trimestre começou, tradicionalmente, com os resultados dos grandes bancos americanos: todas as 17 principais instituições que divulgaram seus números superaram as expectativas de lucro, demonstrando a solidez do setor financeiro.
Contudo, apenas 7 instituições viram suas ações valorizarem no pregão seguinte aos anúncios. Este fenômeno, aparentemente paradoxal, evidencia que o mercado já havia precificado resultados positivos, diluindo o impacto das surpresas favoráveis.
As gigantes de tecnologia que já reportaram seus números também apresentaram desempenho satisfatório, contribuindo para manter o Nasdaq próximo às máximas históricas e reforçando a confiança no setor como motor de crescimento econômico.
Inflação dos EUA cede pelo 5.º mês; queda nos preços de carros
Pelo quinto mês consecutivo, a inflação americana veio abaixo das expectativas. O principal fator de alívio foram os preços mais baixos dos automóveis, que contribuíram para a desaceleração do índice de preços ao consumidor.
Apesar do cenário favorável, as expectativas de corte de juros pelo Federal Reserve (Fed, banco central americano) permaneceram relativamente inalteradas, sinalizando que o banco central manterá sua postura cautelosa.
Rumores que Trump pode demitir Powell derrubam dólar e elevam Treasuries
Fontes anônimas da Casa Branca indicaram que a demissão de Jerome Powell, presidente do Fed, pelo presidente americano Donald Trump estava em discussão. Os rumores provocaram reação imediata dos mercados.
Nesse ínterim, os índices econômicos sofreram impactos, com o dólar caindo quase 1%; o ouro subiu 1,5%, e os juros dos títulos de 30 anos dispararam entre 5 e 6 pontos-base. O episódio reacendeu preocupações sobre a independência do banco central – um tema sensível que levou até o FMI a emitir alertas sobre os riscos de instabilidade futura.
Cenário internacional e perspectivas
Na Ásia, a economia chinesa surpreendeu positivamente. As vendas no varejo, produção industrial e PIB superaram as expectativas, amenizando temores de desaceleração global, especialmente considerando os problemas persistentes no setor imobiliário.
Quanto ao comércio exterior, o prazo para implementação das tarifas anunciadas foi adiado para o dia 7 de agosto. Os EUA anunciaram novas tarifas sobre importações do México e Canadá, embora setores cobertos pelo USMCA tenham sido poupados.
O que deve estar no seu radar em agosto - Tarifas, Fed, inflação, balanços, Europa e China
Com os mercados em níveis elevados e o ambiente político ainda instável, o mês de agosto promete ser decisivo. Cinco temas devem estar no radar dos investidores:
- Implementação das tarifas comerciais – especialmente entre EUA, México, Canadá e China;
- Decisões do Federal Reserve – com atenção às minutas da última reunião e possíveis votos dissidentes;
- Dados de inflação e emprego nos EUA – que continuam sendo os principais termômetros da economia;
- Continuidade da temporada de balanços – para avaliar se os lucros ainda sustentam os preços atuais das ações;
- Cenário internacional – com foco em China e Europa, onde decisões de estímulo ou corte de juros podem influenciar os mercados globais.
Conclusão
Mesmo diante de tensões políticas, incertezas comerciais e dúvidas sobre a política monetária, os mercados globais seguiram firmes em julho, sustentados por fundamentos econômicos sólidos.
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