Nossa atualização do cenário macro para julho de 2025
Confira os destaques do bate-papo que teve a participação de Humberto Vignatti, estrategista de Renda Fixa, e Marcelo Aagesen, head of Global Markets and Strategy do Banco Itaú International
Por Itaú Private Bank
A edição de julho da live Cenário Macro, do Itaú Private Bank, foi realizada na última terça-feira (1º). O encontro trouxe uma análise sobre os rumos da economia global e brasileira, com foco na valorização do real frente a um dólar em tendência de queda, nas perspectivas para os juros – locais e internacionais – e no posicionamento estratégico das carteiras de investimento.
Ao longo da conversa, os especialistas discutiram como o dólar mais fraco vem redesenhando os fluxos globais de capital e abrindo espaço para novas oportunidades em renda variável e renda fixa. Isso tanto no Brasil quanto nos mercados internacionais.
A leitura dos especialistas é de que a combinação entre desaceleração nos EUA, resiliência em outras regiões e juros elevados no Brasil cria um ambiente favorável à diversificação geográfica e de ativos.
A conversa contou com a participação de Humberto Vignatti, estrategista de renda fixa do Itaú Private Bank, e Marcelo Aagesen, head of Global Markets and Strategy do Itaú Internacional. A moderação foi de Gina Baccelli, estrategista sênior de investimentos.
A seguir, confira os principais destaques do bate-papo:
Cenário internacional
- Nos EUA, o risco de uma recessão apresentou baixa, mas as incertezas permanecem. O presidente Donald Trump tem, aos poucos, suavizado sua política de tarifas e e também se voltado mais para a imigração. Isso, segundo os especialistas, reduz o impacto recessivo esperado no começo do ano.
- O mercado já projeta tarifas comerciais médias mais baixas até o fim de 2025, o que contribui para a melhora das expectativas de crescimento dos EUA. Apesar disso, a instabilidade institucional, o déficit fiscal elevado e a falta de clareza sobre os rumos da desregulamentação no país seguem como pontos de atenção.
- O orçamento recém-aprovado no Senado piora a trajetória fiscal dos EUA, mantendo o déficit elevado. Para nossos especialistas, isso reforça o cenário de incerteza sobre a sustentabilidade do crescimento americano no médio prazo.
- O enfraquecimento do dólar reflete um reposicionamento global de carteiras. Investidores estão revendo alocações tradicionalmente concentradas em ativos dolarizados, buscando oportunidades em outras moedas e mercados. Nesse contexto, o dólar segue como referência global, mas sua valorização excessiva parece ter chegado ao limite.
- O índice DXY, que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de moedas fortes (euro, ien, libra, franco suíço, coroa sueca, entre outras), mostra tendência de queda. O Itaú tem operado posições vendidas em dólar – tanto nas carteiras locais quanto nas internacionais – com exposição relevante ao euro e ao iene.
- A valorização de moedas como o real, o yuan e a lira turca reforça a leitura de que o movimento de diversificação global deve alcançar os emergentes em um segundo momento. As carteiras do Itaú já refletem isso, com posições em moedas descontadas frente ao dólar.
- Com o valuation das ações de empresas americanas esticado, a alocação em bolsa internacional foca empresas de crescimento e setores ligados à tecnologia. A exposição é global, mas com destaque para os mercados fora dos EUA, especialmente os emergentes. A combinação de dólar fraco e múltiplos mais atrativos nesses locais torna essa tese estratégica.
- A descontinuidade dos programas de recompra de ativos por parte dos principais bancos centrais (Fed, BCE, BoJ) elevou o prêmio de risco dos títulos longos. Esse movimento é visto como saudável, ainda que represente uma mudança importante no regime de juros que prevaleceu desde 2008.
- Conflitos geopolíticos recentes, inclusive no Oriente Médio, não têm pressionado o preço do petróleo como no passado. O excesso de oferta global, ampliado inclusive pelo Brasil, garante estabilidade. Só eventos mais graves do que os vistos recentemente poderiam reverter esse equilíbrio.
Cenário local
- O real tem se valorizado fortemente em 2025, acompanhando o enfraquecimento do dólar global. A visão dos especialistas é de que esse movimento pode estar subestimado, como já ocorreu em ciclos anteriores. A apreciação do câmbio local traz benefícios diretos à economia. Vão desde alívio inflacionário, até redução de prêmio de risco e espaço para uma política monetária menos restritiva.
- Com o câmbio mais apreciado, as projeções de inflação para o ano recuaram. Apesar disso, o IPCA ainda acima da meta exige a manutenção da taxa Selic em patamar elevado. O cenário base é de estabilidade na Selic por um período mais prolongado.
- A combinação de inflação controlada, câmbio apreciado e encerramento do ciclo de alta da Selic cria um ambiente ainda mais favorável para os ativos de renda fixa, especialmente os atrelados ao juro real. As taxas oferecidas hoje são consideradas historicamente elevadas.
- Apesar da preferência pelos ativos que acompanham o juro real, nossa recomendação aponta para prefixados, diante da possibilidade de cortes mais acelerados na Selic a partir de 2026. A orientação é de que investidores com baixa exposição nessa subclasse reavaliem uma recomposição de carteira de renda fixa.
- Na esfera do governo federal, a percepção de risco fiscal no curto prazo foi minimizada pelo mercado. Os agentes financeiros, contudo, já projetam a necessidade de um ajuste após as eleições de 2026, independentemente do governo eleito.
- O valuation da Bolsa se mantém em níveis historicamente baixos, tornando-a potencialmente atrativa. No entanto, o CDI elevado ainda restringe esse potencial. Nossos analistas analisam que um aumento de posição em ações deve ocorrer a partir de expectativas mais seguras sobre o início e a magnitude de cortes na Selic. Assim, para alocação em bolsa brasileira, seguimos com atenção à virada do ciclo monetário. A correlação positiva com dólar fraco e múltiplos descontados são pontos favoráveis; a taxa de juros, contudo, continua sendo o maior freio.
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