Projeções para inflação sobem ainda mais no Focus e Alemanha apura resultado eleitoral

No Radar do Mercado: projeções para inflação de 2025 e 2026 se distanciam ainda mais da meta de 3,00% ao ano, enquanto taxa de câmbio e PIB sofrem revisões em diferentes prazos. Na Alemanha, resultado eleitoral confirma necessidade de aliança para formação de novo governo

Por Itaú Private Bank

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Focus: revisões no IPCA, câmbio e PIB

Tabela com resumo dos principais indicadores pesquisados pelo Relatório Focus

O Banco Central divulgou nesta segunda-feira, 24, mais uma edição do Relatório Focus, com elevações nas projeções do IPCA de 2025 e 2026, para o PIB e para a taxa de câmbio de 2027, além de uma pequena redução na taxa de câmbio de 2025.

A mediana das expectativas do IPCA para 2025 subiu novamente, de 5,60% para 5,65%, e continuou se distanciando do teto do intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual ao redor da meta de 3,00% ao ano definido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para 2026, também houve alta na projeção, de 4,35% para 4,40%. Já para 2027, a projeção se manteve em 4,00%.

Em relação ao câmbio, a expectativa para o final de 2025 teve uma leve queda, de R$/US$ 6,00 para R$/US$ 5,99. Já a previsão para 2026 se manteve em R$/US$ 6,00, enquanto a de 2027 subiu de R$/US$ 5,90 para R$/US$ 5,92.

Para o PIB, as projeções de 2025 e 2026 foram mantidas em 2,01% e 1,70%, respectivamente. Mas a projeção para 2027 subiu levemente, de 1,98% para 2,00%.

Já para a Selic, o mercado manteve as expectativas de 15,00% ao final de 2025, 12,50% ao final de 2026 e 10,50% ao final de 2027.

Após eleições, novo governo na Alemanha exigirá aliança

De acordo com os resultados oficiais preliminares, o partido de centro-direita União Democrata Cristã (CDU) conquistou 28,5% dos votos e venceu as eleições para o Bundestag, a “câmara baixa” do parlamento alemão. Como já se esperava, porém, o partido não conseguiu maioria suficiente para governar sozinho e terá que formar um governo de coalizão.

A mais provável coalizão a ser formada é entre o CDU e os Social-Democratas (SPD, 16,5% dos votos), historicamente conhecida como “Grande Coalizão”. Contudo, para aprovar projetos para aumentar mais gastos do governo, como a mudança na regra fiscal, que limita o endividamento fiscal estrutural a 0,35% do PIB nominal, ou aprovar recursos fora do orçamento, por exemplo, são necessários dois terços dos votos do parlamento. Dessa forma, os partidos dependerão do apoio de mais siglas, como com o Partido Verde (11,8%) e A Esquerda, que superou as expectativas pré-eleitorais e obteve 8,7% dos votos.

A coalizão a ser formada, embora englobe partidos de diferentes espectros políticos, deve manter a prática alemã de isolar o partido de extrema-direita, Alternativa para a Alemanha (AfD), que ficou em segundo lugar nas eleições com 20,5% dos votos e obteve um expressivo aumento na representação no parlamento. Enquanto isso siglas mais tradicionais, como o Partido Democrático Livre (FDP, na sigla em alemão) e a Aliança Sahra Wagenknecht (BSW), não alcançaram os 5% dos votos necessários para ter direito à representação no parlamento.

A partir de agora, o foco recai sobre as negociações em torno da formação do novo governo que deverão ser conduzidas pelo provável próximo chancelar alemão, Friedrich Merz. Em média, negociações de coalizões na Alemanha duram cerca de 60 dias, mas o ambiente geopolítico recente poderá acelerar essa resolução.

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