Relatório Focus: após anúncio fiscal, projeções de IPCA, Selic e câmbio sobem para 2025 e 2026
No Radar do Mercado: previsão para dólar e Selic em 2024 foram mantidas, mas projeções para os próximos anos aumentaram na semana seguinte à divulgação do pacote fiscal, agora entregue parcialmente ao Congresso Nacional
Por Itaú Private Bank

Nesta segunda-feira, o Banco Central divulgou uma nova edição do Relatório Focus com revisões nas projeções de inflação, PIB, câmbio e Selic em diferentes prazos.
A mediana das estimativas do IPCA para 2024 voltou a subir, de 4,63% para 4,71%. Com isso, a previsão atingiu a nova máxima do ano e voltou a se distanciar do teto do intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual ao redor da meta de 3,0% ao ano definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). As projeções para 2025 e 2026, por sua vez, continuaram subindo. Enquanto a mediana de 2025 saiu de 4,34% para 4,40%, a de 2026 subiu de 3,78% para 3,81%, ambas ainda dentro do intervalo de tolerância da meta, mas na banda superior.
Uma das variáveis que mais oscilou ao longo da semana passada, o câmbio teve sua previsão para o final de 2024 mantida em R$/US$ 5,70. No entanto, a projeção para 2025 subiu de R$/US$ 5,55 para R$/US$ 5,60 e a projeção para 2026 subiu de R$/US$ 5,50 também para R$/US$ 5,60.
Com relação à Selic, o mercado manteve a projeção de 11,75% ao final deste ano, o que significaria uma elevação de 0,5 ponto percentual na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central neste mês, e alterou a projeção para 2025, de 12,25% para 12,63%, e para 2026, de 10,00% para 10,50%.
Por fim, o Focus desta segunda-feira também trouxe revisão para cima na projeção para o PIB de 2024, de 3,17% para 3,22%. Já as previsões para 2025 e 2026 foram mantidas em 1,95% e 2,00%, respectivamente.
Governo envia projetos de lei com parte das medidas de ajuste fiscal
O governo encaminhou ao Congresso Nacional um projeto de lei simples (PL) e um projeto de lei complementar (PLP) com parte das medidas de ajuste fiscal anunciadas na semana passada.
O PL trata de regras para benefícios sociais, a regra do salário mínimo e o Fundo Constitucional do Distrito Federal. Além disso, traz uma atualização sobre o que foi anunciado a respeito da limitação do Proagro à disponibilidade orçamentária, o que dá maior confiança no corte de R$ 4 bilhões anunciado em julho. Com relação ao salário mínimo, a limitação do aumento real será válida entre 2025 e 2030 e é equivalente à manutenção do cálculo atual, mas limitando-o entre 0,6% e a taxa de crescimento do limite de gastos do arcabouço fiscal. Em relação aos benefícios sociais, vemos as iniciativas como positivas para reverter o aumento acentuado no número de beneficiários nos últimos anos.
Já o PLP trata de (i) gatilhos em caso de déficit primário ou queda nos gastos discricionários a partir de 2027, (ii) permissão para bloquear e fazer contingenciamento em emendas parlamentares limitadas a 15% e proporcionais aos gastos discricionários e (iii) desvinculação de superávits financeiros de fundos. Consideramos o item (iii) um ponto de atenção porque não destina esses recursos para o pagamento da dívida pública, o que pode levar a uma transferência de recursos para o BNDES.
Após a apresentação oficial das medidas fiscais ao Congresso, os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado vieram a público sinalizando apoio aos projetos. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, afirmou que o Congresso trabalhará para aprovar as medidas fiscais ainda este ano, mas que mudanças no Imposto de Renda só serão discutidas em 2025, para eventualmente entrarem em vigor em 2026, e que as intenções de isentar indivíduos não podem comprometer o ajuste fiscal.
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