Revisamos nossos cenários macro para outubro
No Radar do Mercado: divulgamos hoje a nossa revisão de cenário macro; o Relatório Focus trouxe uma alta na projeção do dólar para 2023
Por Itaú Private Bank
Focus: sobe projeção para o dólar em 2023
O Relatório Focus divulgado hoje pelo Banco Central trouxe projeções para as variáveis macroeconômicas virtualmente estáveis ao longo do horizonte pesquisado. Apenas a taxa de câmbio de 2023 sofreu uma alteração mais significativa.
Em comparação à semana anterior, a mediana das estimativas do IPCA para 2023 ficou em 4,86%. Para 2024, houve uma ligeira alta (para 3,88%). Já para 2025 e 2026, as projeções para a inflação seguiram em 3,50%. Lembrando que a meta do Conselho Monetário Nacional (CMN) é de 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
Com relação à atividade econômica, as estimativas para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) também não mudaram para 2023 (2,92%), 2024 (1,50%), 2025 (1,90%) e 2026 (2,00%).
No que se refere à política monetária, as expectativas para a taxa Selic não sofreram alterações, mantendo-se em 2023 (11,75%), 2024 (9,00%), 2025 (8,50%) e 2026 (8,50%).
Por fim, a estimativa para a taxa de câmbio subiu para 2023 (para R$/US$ 5,00). Houve estabilidade nas projeções para 2024 (a R$/US$ 5,02), 2025 (a R$/US$ 5,10) e 2026 (a R$/US$ 5,20).
Após ataques, Israel declara guerra contra o Hamas
No fim de semana, Israel sofreu uma série de ataques coordenados pelo Hamas, marcando a maior incursão em território israelense das últimas décadas. O estado de Israel declarou guerra contra o grupo terrorista e deve conduzir operações ofensivas na região de forma abrangente nos próximos dias. O conflito ainda está se definindo e não está claro no momento quem são todos os atores envolvidos, o que dificulta previsões com relação à duração, intensidade e abrangência.
Com relação às implicações econômicas, uma guerra no oriente médio em um momento de oferta já limitada tende a pressionar os preços do petróleo e, consequentemente, a inflação global. A produção ainda não foi afetada, mas o mercado deve precificar o risco, em um contexto já turbulento com as taxas dos títulos do governo americano sofrendo fortes altas e a Treasury de 10 anos alcançando seu nível mais elevado desde 2007. Outro risco a ser monitorado é uma possível ajuda dos EUA a Israel, que pode causar pressão adicional nesse mercado caso os gastos públicos com defesa cresçam.
Revisão de Cenário – Brasil: desinflação e corte de juros, mas com riscos maiores
O pagamento de precatórios represados piora o déficit primário, mas resolve um problema que seria maior se só tratado à frente. Nesse contexto, esperamos déficits primários de 1,0% do PIB em 2023 e de 1,2% do PIB em 2024 e dívida bruta em 75% e 78% do PIB para esses anos, respectivamente, supondo que a regularização desses pagamentos ocorrerá em 2024.
O dólar forte e diferencial de juros menor pressionam o câmbio, mas há atenuantes domésticos. Mantemos a projeção de câmbio em R$ 5,00 por dólar em 2023 e R$ 5,25 por dólar em 2024. Seguimos com projeção de crescimento do PIB de 2,9% em 2023 e de 1,8% em 2024. Mantemos a estimativa de inflação para 2023 em 4,9% e para 2024 em 4,1%.
Por fim, seguimos com a expectativa de que o Copom acelere o ritmo de corte em dezembro, levando a taxa Selic para 11,50% a.a. ao final de 2023 e para 9,00% a.a. ao final de 2024. A evolução do cenário externo e o encaminhamento do desafio fiscal no ambiente doméstico serão cruciais para definir a magnitude e o ritmo da flexibilização monetária adiante.
Revisão de Cenário – Global: juros globais sobem
Os bancos centrais de economias desenvolvidas têm sinalizado juros mais elevados por mais tempo. O avanço das taxas dos títulos do Tesouro americano e o petróleo mais caro devem limitar as perspectivas de flexibilização monetária e os níveis de juros terminais nos mercados emergentes.
Nos EUA, o Federal Reserve (Fed) deve subir juros novamente em novembro. Na Europa, reduzimos as previsões para o PIB para 0,4% em 2023 e 0,5% em 2024. O Banco Central Europeu encerrou ciclo de aperto, mas não há expectativa de flexibilização até o segundo semestre de 2024. Na China, nossas projeções para o PIB seguem em 4,9% em 2023 e com recuo para 4,1% em 2024.
Por fim, aumentamos nossa projeção para a cotação do barril do tipo Brent para US$ 90 devido ao balanço mais apertado no mercado.
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