Com inflação acima do esperado, Fed deve elevar os juros em 75 pontos-base
Economia e mercados: a alta da inflação americana consolida a expectativa de um aumento de 75 pontos-base nos juros na reunião da próxima semana
Por Itaú Private Bank
Às vésperas da próxima reunião do Federal Reserve (Fed, banco central americano), a divulgação da inflação americana surpreendeu o mercado. A expectativa agora é de mais uma alta de 75 pontos-base nas taxas de juros na reunião deste mês. Nesta semana, também divulgamos as nossas revisões de cenário. A inflação persistentemente alta ainda é o principal risco global. No Brasil, os fundamentos indicam uma desaceleração da atividade à frente.
Confira, abaixo, os fatores que impactaram os mercados nos últimos dias.
Inflação dos EUA sobe acima do esperado
O Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos EUA acelerou de 0% em julho para 0,1% em agosto. A leitura surpreendeu o mercado, indicou que a inflação segue disseminada e reforçou a necessidade de o Fed seguir com a postura mais dura na alta de juros. A expectativa é de uma nova alta de 75 pontos-base na reunião deste mês.
Vendas no varejo dos EUA crescem em agosto
As vendas no varejo dos EUA subiram 0,3% em agosto, acelerando na comparação com julho, cuja leitura foi revisada para baixo (-0,4%). O resultado veio acima das expectativas, mas, de maneira geral, houve revisões para baixo dos números de julho, e as leituras dos núcleos sugerem uma leve perda de força na economia na margem.
Produção industrial americana recua
A produção industrial dos EUA desacelerou de 0,5% (número revisado para baixo) para -0,2% em agosto. Apesar de a leitura vir abaixo do esperado, a expectativa era de que o resultado de julho não fosse sustentado, à medida que a tendência do setor vem enfraquecendo em meio ao aumento dos estoques e desaceleração da demanda doméstica.
Economia chinesa mostra recuperação
A economia chinesa acelerou acima do esperado em agosto. A produção industrial e as vendas no varejo avançaram na comparação anual. O setor imobiliário, por outro lado, apresentou queda acentuada. Por enquanto, mantemos a nossa projeção de um crescimento do PIB de 2,7% a/a no terceiro trimestre de 2022.
Vendas no varejo frustram expectativas em julho
O volume de vendas no varejo brasileiro teve uma queda mensal de 0,8% em julho e frustrou o mercado, que esperava uma leve alta no indicador. O varejo deve desacelerar nos próximos meses, como resultado da diminuição da renda disponível na margem e do maior impacto da política monetária contracionista.
Volume de serviços do Brasil cresce em julho
O volume de serviços avançou 1,1% em julho, acima das expectativas. Apesar da leitura forte, é provável que o setor de serviços desacelere no segundo semestre, com a diminuição da renda disponível, uma desaceleração de outros setores e um efeito cada vez menor da reabertura da economia.
Revisão de cenário – Brasil
Revisamos para cima as projeções do PIB para o segundo semestre e para 2022 (2,5%). Além disso, reduzimos a projeção para o IPCA de 2022 para 6,0%. Acreditamos que o Copom encerrará o ciclo de aperto monetário no patamar atual. Para 2023, esperamos cortes no segundo semestre. A sustentabilidade fiscal segue sendo um desafio relevante à frente.
Revisão de cenário – Global
O preço do gás na Europa e a resiliência dos preços dos serviços nos EUA exigirão juros em níveis restritivos nas economias desenvolvidas. O Fed deve levar as taxas americanas para patamar acima de 4%, enquanto o Banco Central Europeu deve elevar os juros para 2%. Também reduzimos as nossas projeções de PIB tanto na Europa quanto na China.