Copom eleva Selic em 1,0 ponto percentual na última reunião do ano
No Radar do Mercado: Banco Central decide elevar a taxa Selic em 1,0 ponto percentual, para 12,25% ao ano, e anuncia mais duas altas de mesma magnitude nas próximas reuniões se o cenário não mudar
Por Itaú Private Bank
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou a taxa Selic em 1,0 ponto percentual, para 12,25% ao ano. A decisão veio em linha com as nossas expectativas. Além disso, o comitê afirmou antever novos aumentos de 1,0 p.p. nas duas próximas reuniões, caso o cenário esperado no momento se confirme, o que elevaria a Selic para 14,25% a.a. em março de 2025.
No comunicado, o comitê justificou a decisão destacando o cenário externo desafiador, com incertezas nos EUA que suscitam dúvidas sobre a desaceleração da atividade e a desinflação e, consequentemente, sobre as próximas decisões do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).
Em relação ao cenário doméstico, os membros ressaltaram que a atividade econômica e o mercado de trabalho continuam resilientes, com destaque para a divulgação do PIB do terceiro trimestre acima das expectativas. Com isso, o crescimento da economia continua acima do potencial. Além disso, o comunicado aponta que as expectativas de inflação se deterioraram ainda mais desde a última reunião e permanecem acima da meta de 3,0% ao ano em todo o horizonte relevante.
Embora todos os membros do conselho tenham votado a favor da elevação de 1,0 p.p. nesta reunião, o texto não deixa claro se a decisão de sinalizar novas altas de mesma magnitude na Selic nos dois próximos encontros também foi tomada por unanimidade, o que será esclarecido com a divulgação da ata na próxima semana. Por enquanto, acreditamos que o comitê deve manter a sinalização de elevar a taxa básica em 1,0 p.p. nas próximas reuniões.
Nossa visão para os mercados
O mercado fechou hoje precificando uma alta da Selic em exatos 0,93 pontos percentuais, ou seja, estava dividido entre 0,75 p.p. e 1,0 p.p., pendendo um pouco mais para este último. A principal surpresa veio na sinalização dada para as próximas duas reuniões.
Esse conjunto deverá ser visto pelo mercado como bastante conservador e causar uma alta de taxas entre 0,20 p.p. e 30 p.p. nos vencimentos mais curtos da curva de juros prefixada, para se alinhar à perspectiva de que o ciclo de alta será feito de forma mais acelerada. Já os vértices longos deverão apresentar um comportamento mais benigno, com quedas de taxas em relação ao fechamento de hoje, uma vez que essa postura mais firme agora poderá abrir espaço para reduções de juro mais cedo no futuro. As NTN-Bs tendem a apresentar comportamento similar, com alta de taxas nos papéis curtos, e redução nos títulos mais longos.
O real também poderá se valorizar na abertura dos negócios amanhã, dada a perspectiva de um maior diferencial de juros em relação ao dólar. Entretanto, essa dinâmica não deve ser encarada como tendência, enquanto as incertezas fiscais e externas não forem endereçadas.
Períodos de aperto monetário são geralmente negativos para a performance da bolsa brasileira. Entretanto, a decisão de subir 1,0 p.p. e o tom mais duro do Banco Central com o objetivo de ancorar as expectativas inflacionárias devem trazer alívio ao mercado.
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