Dados de atividade brasileira mostram resiliência; Inflação americana surpreende
A atividade econômica brasileira segue apresentando resiliência, com avanço nas leituras de vendas no varejo e setor de serviços de julho
Por Itaú Private Bank
A atividade econômica brasileira segue apresentando resiliência, com avanço nas leituras de vendas no varejo e setor de serviços de julho. O IPCA de agosto subiu no mês, mas abaixo das expectativas e com abertura mais benigna, especialmente de serviços subjacentes.
Nos Estados Unidos, o destaque foi a divulgação do índice de inflação ao consumidor (CPI), na quarta-feira, que veio levemente acima das expectativas e com o núcleo registrando alta maior do que o esperado. Destaca-se, no entanto, que as surpresas foram focadas em itens mais voláteis, com expectativa de arrefecimento já na próxima leitura.
Confira mais detalhes a seguir.
Cenário Macro Brasil: Aceleração à vista
Revisamos a projeção de inflação para baixo em 2023, para 4,9%, e 2024, para 4,1%. Por outro lado, a estimativas de PIB foram revisadas para cima, tanto em 2023 (2,9%) quanto em 2024 (1,8%). Acreditamos que o Copom anunciará um novo corte de 50 p.p. da Selic na próxima semana. A dinâmica mais benigna da inflação de serviços, assim como a esperada desaceleração da economia, deve permitir cortes maiores na virada do ano. Esperamos que a taxa Selic encerre o ano em 11,50%, recuando para 9,00% em 2024.
Cenário macro Global: Economia americana em ritmo forte, desaceleração na China e final do aperto monetário europeu
Devido ao forte crescimento econômico americano, revisamos para cima as projeções de PIB em 2023 (para 2,3%) e 2024 (para 1,2%). Na China, considerando os persistentes desafios estruturais, reduzimos as estimativas de crescimento para 4,9% em 2023 e 4,1% em 2024. Na Europa, os sinais de fraqueza na atividade econômica e pico da inflação subjacente sugerem o fim do ciclo de aperto monetário. Projetamos desvalorização do euro em relação ao dólar, no patamar de US$ 1,05.
IPCA sobe 0,23% em agosto
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) de agosto subiu 0,23% no mês, abaixo das expectativas e acelerando em relação ao resultado anterior. Com isso, o acumulado em 12 meses atingiu 4,61%. O grupo de Habitação teve o maior impacto no resultado, influenciado pelo preço da energia elétrica com o fim da incorporação do bônus de Itaipu, enquanto o grupo de Alimentação e Bebidas registrou queda pelo terceiro mês consecutivo. As medidas de núcleo da inflação têm apresentado desaceleração gradual, com destaque para a desinflacão de serviços. Nossa projeção é que o IPCA encerre o ano em 4,9%.
Núcleo da inflação surpreende nos EUA
O índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos EUA avançou 0,6% em agosto, levemente acima das expectativas, e em ritmo maior que o registrado em julho. Já o núcleo do indicador registrou alta de 0,3% no mês e 4,3% na janela de 12 meses, acima das expectativas do mercado, que esperava manutenção de ritmo. A persistência do núcleo reforça a necessidade de manutenção das taxas em nível restritivo por período estendido, além de alimentar apostas por uma alta nos juros pelo Fed na próxima semana.
Setor de serviços no Brasil registra crescimento em julho
O setor de serviços no Brasil registrou crescimento de 0,5% em julho, conforme divulgado pelo IBGE, em linha com o esperado pelo mercado. Em relação ao mesmo período do ano anterior, o crescimento foi de 3,5%, sustentado pela resiliência do mercado de trabalho. Após as divulgações da semana, o tracking do PIB (estimativa de alta frequência) avançou para -0,2% t/t (+1,8% a/a) no terceiro trimestre do ano.
Vendas no varejo dos EUA superam estimativas em agosto
Nos EUA, as vendas no varejo em agosto surpreenderam positivamente, registrando um aumento de 0,6%, enquanto o mercado projetava crescimento de 0,1%. Já o grupo de controle, que apresenta maior relação com o componente de consumo do PIB, avançou 0,1%, enquanto as projeções sinalizavam uma ligeira contração. A divulgação segue indicando resiliência da economia americana, mesmo em meio ao forte aperto monetário promovido.
Banco Central Europeu (BCE) eleva taxas de juros
O BCE elevou suas taxas de juros em 25 pontos-base, surpreendendo as expectativas. Com isso, a taxa de refinanciamento atinge 4,50%, a de depósitos 4,00% e a de empréstimos 4,75%. A presidente do grupo, Christine Lagarde, afirmou que, ainda que alguns membros tenham defendido uma pausa, a maioria concordou com o aumento. Ao mesmo tempo, o comunicado destaca que as taxas atingiram níveis que, se mantidos por período suficiente, contribuirão para o retorno da inflação à meta, sinalizando o fim do ciclo de altas.
Vendas no varejo no Brasil avançam em julho
O volume de vendas no comércio varejista avançou 0,7% em julho na comparação mensal, acima do esperado. Na base anual, o avanço foi de 2,4%. O consumo das famílias tem se mostrado resiliente, mas esperamos alguma perda de tração à frente com a desaceleração da renda disponível. Após as divulgações da semana, nosso tracking para o PIB do 3º trimestre de 2023 atingiu -0,2% em relação ao trimestre anterior (+1,8% em relação ao ano anterior).
Produção industrial dos EUA acima do esperado
A produção industrial nos Estados Unidos teve um aumento de 0,4% em agosto, superando as estimativas que previam um aumento de apenas 0,1%. Por outro lado, houve revisão baixista na leitura de julho, agora em 0,7%. A alta no mês foi liderada pelos setores de utilidades públicas, que teve um aumento de 0,9%, e mineração, que cresceu 1,4%. A utilização da capacidade também avançou no mês, para 79,7%, bem acima das expectativas. No entanto, destaca-se a produção manufatureira, que desacelerou para 0,1% na leitura de agosto.
China registra dados positivos, mas setor imobiliário ainda preocupa
Segundo dados do Escritório Nacional de Estatísticas (NBS, na sigla em inglês), a atividade econômica chinesa surpreendeu positivamente em agosto, sugerindo alguma estabilização em meio as medidas de estímulo promovidas pelo governo chinês. A produção industrial cresceu 4,5% em agosto em comparação ao mesmo período do ano anterior, acelerando em relação a julho. As vendas no varejo avançaram 4,6%, também acelerando e superando as expectativas. O setor imobiliário, por outro lado, continuou a registrar fraco desempenho, com queda nos investimentos, vendas e preços de imóveis em agosto.