Quando as dívidas apertam: estratégias para sair da inadimplência

Por Itaú

4 minutos de leitura
Homens conversando sobre estratégias para sair da inadimplência

Quando as dívidas chegam a um ponto que prejudicam seriamente sua qualidade de vida, diversos sinais de endividamento se apresentam, como, inadimplência, alto comprometimento de renda e múltiplos tipos de crédito contratados, pode se tornar mais difícil encontrar uma solução.

Quitar as dívidas é um desafio para milhões de brasileiros – 72 milhões de pessoas estão inadimplentes, de acordo o Mapa da Inadimplência e Negociação de Dívidas no Brasil, divulgado pela Serasa em abril de 2024 –, juntando isso a um cenário econômico e social complexo, com juros elevados, falta de educação financeira para grande parte da população e desigualdade de renda, a situação fica ainda mais complicada.

Porém, mesmo em casos graves de comprometimento de renda e de endividamento, é possível tomar medidas para organizar as finanças. Quer saber quais são?

Primeiro passo: entenda seu orçamento

Se você leu os outros artigos, focados em casos de comprometimento leve e moderado de renda, sabe por onde deve começar quando quer eliminar dívidas e se organizar financeiramente: fazer um diagnóstico da sua situação financeira, anotando todos os seus rendimentos e despesas mensais (incluindo todas as suas dívidas atuais).

Esse orçamento detalhado servirá de base para qualquer estratégia que você pretenda implementar para sair do vermelho. Independentemente dos fatores sociais e econômicos que possam agravar a sua situação financeira, o ponto de partida é aqui, pois esse conhecimento permitirá que você tenha o controle necessário para gerenciar seu dinheiro.

Nesse registro, você deve incluir, principalmente:

1 – Suas fontes de renda: salários, rendimentos de investimentos, pensões, entre outros.

2 – Suas despesas: anote todos os seus gastos, desde as maiores até as menores. Isso inclui contas fixas como aluguel e água, e gastos variáveis, como compras no supermercado e pequenas despesas diárias. Uma forma de facilitar a identificação de quais despesas podem ser cortadas, é separá-las por categorias, como:

  • Despesas essenciais: aluguel, alimentação, transporte etc.
  • Não essenciais: lazer, assinaturas de streaming, refeições fora de casa etc.
  • Extraordinárias: gastos esporádicos e emergenciais.

3 –Levantamento das dívidas: para cada dívida, registre o tipo de crédito utilizado (cartão de crédito, empréstimo pessoal, limite da conta etc.), o valor total devido, se está inadimplente, por quanto tempo e quais os juros envolvidos. Todos os detalhes das dívidas precisam ser contabilizados.

Segundo passo: organizando as finanças

Com o orçamento detalhado à sua disposição, organize essas informações para que seja possível dar início ao plano de ação, ou seja, a estratégia destinada a quitar cada uma de suas dívidas.

Traçar planos de ação ajudam a orientar seus esforços de forma objetiva para cumprir esta meta, o que pode trazer mais tranquilidade – já que olhar para a soma do que se deve de uma vez, sem saber por onde começar, tem o potencial de causar ansiedade, vergonha, desespero entre outras emoções que podem prejudicar ainda mais sua qualidade de vida.

Por isso, busque organizar suas dívidas entendendo quanto cada uma delas está custando mensalmente em termos de juros. O ideal é priorizar na negociação ou pagamento aquelas que mais impactam seu orçamento mensal.

Traçando seu plano de ação

A partir da organização do seu orçamento de dívidas, você pode fazer a gestão do que está devendo utilizando estratégias com o propósito de reduzir o valor total a ser pago ou de simplificar a quitação. Elas devem ser consideradas caso a caso, a depender dos recursos que você ainda tem para utilizá-las.

Mesmo em situações nas quais o quadro de inadimplência permanece por muito tempo e não se encontra meios para sair dele, há caminhos possíveis, mas, para isso, é importante que o planejamento financeiro que você está fazendo nesta etapa seja realista.

Negociação das dívidas

Grande parte dos credores está disposto a renegociar as condições de pagamento para evitar a inadimplência completa. Entrar em contato com eles, então, é uma das primeiras ações recomendadas para quem está em uma situação de inadimplência ou sem dinheiro para dar conta das obrigações financeiras.

Explique sua situação e peça condições mais favoráveis, como uma redução nas taxas de juros ou um aumento no prazo de pagamento. Veja algumas dicas para uma boa negociação:

  • Prepare-se antes de negociar: tenha todos os detalhes da sua dívida em mãos, incluindo o valor original, o saldo devedor atual, as taxas de juros e o prazo de pagamento.
  • Explique sua situação financeira de forma clara e sincera. Credores são mais propensos a negociar se entenderem que você quer pagar, mas precisa de condições mais favoráveis.
  • Peça alternativas: pergunte sobre a possibilidade de consolidar suas dívidas, reduzir as taxas de juros, estender o prazo ou parcelar o pagamento.

Como saber qual dívida pagar primeiro?

Quando a gente está no meio de uma bola de neve de dívidas, é difícil saber por onde começar para sair dela, não é? Mas, para estabelecer a ordem de priorização, algumas dicas são:

  • Pagar o máximo possível das dívidas de maiores juros. Nessa estratégia, é ideal focar primeiro nas dívidas com as taxas de juros mais altas, pois esses encargos têm um impacto maior no endividamento se não forem quitados rapidamente.

Boa prática: Caso sobre algum dinheiro no orçamento, utilize uma parte do valor para pagar a dívida que está no topo da lista de prioridades e outra parte para uma reserva de emergências.

  • Após quitar a dívida de maiores juros, passe para a próxima dívida da lista. Continue essa estratégia até que todas as dívidas sejam pagas.

Reduzindo os gastos

O corte de despesas é uma das estratégias mais eficazes para liberar recursos que podem ser direcionados ao pagamento de dívidas. Analise seus registros de gastos e identifique os que podem ser reduzidos ou eliminados. Uma forma de facilitar esse processo é separar por categorias, como:

  • Lazer e entretenimento: considere substituir atividades de lazer mais caras por alternativas gratuitas ou mais baratas, como passeios ao ar livre ou encontros em casa com amigos e amigas.
  • Assinaturas de serviços:revise suas assinaturas de serviços e veja se alguma pode ser cancelada ou renegociada.
  • Compras no mercado: planeje suas compras com antecedência, faça uma lista e procure segui-la para evitar compras por impulso.

Identificando oportunidades de geração de renda

Muitas vezes, as habilidades ou hobbies que você tem ou já pratica despretensiosamente podem acabar se tornando uma fonte de renda. Se você tem talentos manuais, como para costura, artesanato, culinária e jardinagem, considere ganhar dinheiro com isso. Pequenos negócios baseados em habilidades pessoais podem proporcionar uma renda extra valiosa para fechar o mês no azul.

Outras possibilidades são pedir indicação de colegas para trabalhos como freelancer na sua própria área de formação, ou ainda vender produtos que não utiliza mais. Há muitas pessoas que optam ainda pela geração de renda oferecendo serviços como de passeador de cães, motorista, babá, cuidador de idosos etc, mas, para todos esses serviços é necessário algum tipo de qualificação.

Lembre-se ainda de que nada é mais importante do que a sua saúde física e mental. Portanto, veja o que é possível fazer sem que isso acarrete uma grande sobrecarga na sua vida.

Aproveite o 13º salário

Se você recebe um 13º salário, tente direcioná-lo para o pagamento de dívidas, especialmente aquelas com juros altos. Isso pode proporcionar um alívio significativo e acelerar o processo de sair do endividamento, além de, como já citamos, direcionar algum valor para reservas de emergência, evitando contrair novas dívidas.

Consulte o seu CPF regularmente

Verifique regularmente a situação do seu CPF para acompanhar qualquer nova pendência e evitar surpresas no seu plano de regularização de dívidas. Alguns sites permitem consultas gratuitas, mostrando dívidas em aberto e seu score de crédito. A regularidade dessa prática pode te ajudar a se prevenir de surpresas e se preparar para uma negociação proativa de dívidas.

Busca por auxílio em projetos sociais

Há organizações que oferecem apoio para pessoas endividadas. Esses programas podem oferecer serviços como: orientação financeira gratuita, workshops e cursos sobre educação financeira, assistência jurídica, auxiliando sobre como negociar dívidas e lidar com processos de execução ou ainda ajuda financeira direta . Pesquise na sua comunidade ou entre em contato com assistentes sociais para obter informações sobre os que estão disponíveis para você.

A importância de ter uma rede de apoio

Você não precisa passar por essa difícil fase sozinho(a). Durante o processo de recuperação financeira, compartilhe suas dificuldades com familiares e amigos de confiança. Além de oferecer suporte emocional – que é muito importante – eles são pessoas que te conhecem bem e, por isso, seus conselhos podem ser muito úteis. Participar de grupos de apoio ou comunidades online de pessoas na mesma situação também pode ser uma fonte valiosa de motivação e orientação.

Cuide da sua saúde mental

A pressão financeira pode afetar profundamente sua saúde mental, causando ansiedade e estresse. Lidar com dívidas é desafiador e é normal se sentir sobrecarregado(a).

Lembre-se: você não está só. Buscar apoio psicológico pode ser necessário - e há meios acessíveis para isso. Muitos centros comunitários e ONGs oferecem ajuda gratuita. Falar com um profissional pode proporcionar alívio e estratégias para lidar com o estresse financeiro.

Você precisa da sua saúde mental em dia para enfrentar e superar esse desafio. Priorize seu bem-estar para que você possa recuperar o controle de suas finanças com mais equilíbrio.

Não se esqueça de que a recuperação financeira é um processo gradual e que requer disciplina e persistência. Não se desanime com os obstáculos e busque sempre apoio quando necessário.

Utilize os "Feirões Limpa Nome", como os do Serasa, que oferecem condições facilitadas para a quitação de dívidas.

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