Evitando o endividamento: quais os comportamentos que mais colocam as finanças em risco?
Por Itaú
Já vimos como as dívidas fazem parte da rotina de muitas pessoas e que, se bem administradas, não precisam ser um problema. Porém, no Brasil, o alto índice de endividamento das famílias hoje é considerado um motivo de alerta. De acordo com dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) de abril de 2024, em quase 79% dos lares brasileiros há pelo menos uma pessoa endividada.
Esse número é motivo de preocupação por uma razão simples: quanto mais pessoas estão com parte de suas rendas comprometida, os índices de endividamento excessivo e de incapacidade de pagamento também tendem a subir. E isso é demonstrado pela mesma pesquisa: de cada 100 cidadãos brasileiros, cerca de 30 estão inadimplentes, já os consumidores que afirmam não ter condições de pagar suas dívidas vencidas representam 12% dos entrevistados.
Como será que tantas pessoas estão chegando a essa situação? Sabemos que fatores externos como inflação, políticas públicas e questões climáticas, por exemplo, podem exercer um grande poder de influência sobre a realidade financeira de uma população. Porém, há também os comportamentos individuais - alguns até naturalizados em nosso dia a dia - que podem fazer a diferença entre fechar o mês com saldo positivo ou negativo. Vamos entender quais são eles?
Uso do cartão de crédito
O cartão de crédito é uma ferramenta financeira extremamente útil, já que oferece conveniência e a possibilidade de parcelar compras. Mas, quando não usado com o devido cuidado, ele pode ser uma preocupação .Prova disso é que nos últimos anos ele vem crescendo como a principal razão de endividamento da população - de acordo com dados da CNC, em abril de 2024, elas correspondiam a 86,8% do total de dívidas.
Por isso, vamos explorar as principais práticas que aumentam o risco de endividamento no cartão de crédito:
Pagar o mínimo da fatura
Pagar apenas o valor mínimo da fatura do cartão de crédito é um recurso que deve ser usado apenas em casos de extrema necessidade - e com muito planejamento. Isso porque o saldo remanescente da fatura acumula encargos que serão acrescentados na fatura posterior, resultando em um crescimento da dívida. Lembre-se que, além do saldo não pago no mês anterior, a próxima futura já terá os valores de suas compras do mês e parcelas assumidas em meses anteriores. Isso pode fazer a próxima fatura ser ainda mais difícil de pagar.
Essa prática, principalmente se usada em excesso, pode transformar uma dívida administrável num valor que foge do seu controle, consumindo uma parte significativa da renda mensal.
Acumular parcelamentos de compras
Parcelar compras é uma prática que também pode comprometer seriamente o orçamento quando utilizada de forma não planejada. Ao parcelar uma compra, é necessário ter a visão mínima do que será gasto no futuro juntamente com as parcelas seguintes - e se isso não for possível ou for negligenciado, você pode estar se comprometendo com um pagamento mensal que não poderá cumprir mais à frente.
Além disso, a facilidade para parcelar pode levar a compras impulsivas, aumentando ainda mais a dívida total. Por isso, é importante o uso consciente e planejado do cartão. Às vezes, aquela parcela pode parecer caber no seu orçamento a princípio, mas, diante de uma mudança de cenário, aquele parcelamento com o qual você se comprometeu pode ganhar outro peso no fim do mês.
Na dúvida, antes de parcelar uma nova compra, veja sempre no aplicativo do seu banco como está a próxima fatura. Alguns gastos podem levar um tempo para aparecer na soma total da fatura, então confira sempre os últimos lançamentos que aparecem e planeje bem o valor das parcelas que deseja assumir.
Parcelar compras recorrentes
Já parcelar as compras que se repetem mensalmente, como as de supermercado, é uma prática ainda mais arriscada. Isso porque, ao parcelar, você estará pagando por essas compras por vários meses, mesmo quando já estiver realizando outras similares. O efeito é que essas dívidas podem se sobrepor, resultando em um aumento constante do saldo devedor.
Essa prática também pode ocultar a verdadeira extensão das despesas mensais, gerando uma falsa sensação de segurança financeira. Por isso, uma boa saída é reservar a possibilidade de parcelamento somente para os itens de maior valor que são comprados esporadicamente, evitando, assim, comprometer seu orçamento com dívidas rotativas.
Falta de planejamento e de controle de gastos
A ausência de um planejamento financeiro sólido e o descontrole dos gastos são os principais fatores que podem levar ao endividamento em excesso: sem a visão clara de como o dinheiro está sendo gasto, é mais fácil acabar gastando além do que se ganha.
Este comportamento pode parecer inofensivo em um primeiro momento, podendo gerar consequências graves a longo prazo. Aqui, detalharemos algumas práticas que contribuem para o descontrole financeiro:
Não acompanhar e não planejar seus gastos
Muitas pessoas acreditam que podem confiar na memória para lembrar como o dinheiro foi gasto. Mas, sem um acompanhamento adequado, é difícil identificar onde está ocorrendo o excesso e como é possível economizar - isso pode ser amenizado ao incluir em sua rotina o acompanhamento dos seus gastos.
Porém, para fazer isso, o ideal é que você já tenha um orçamento mensal estruturado. O que isso quer dizer? Basicamente, traçar uma meta de gastos a partir do quanto de dinheiro você receberá por mês.
Uma forma simplificada de fazer um planejamento como esse é visualizar seus gastos por categorias, como alimentação, transporte, lazer, saúde e educação. Assim, fica mais fácil visualizar para onde seu dinheiro está indo e como pode ser economizado.
No Inteligência Financeira, você encontra uma planilha gratuita para te ajudar a organizar seu orçamento. Clientes do Itaú contam com opções de categoria e meta de gastos mensais na seção de extrato no aplicativo.
Não ter uma reserva de emergência
Sabemos que esta não é uma prática simples e que esta reserva não será obtida de uma hora para outra. Mas planejar e inserir no seu orçamento a destinação de uma parte dos seus recursos mensalmente para um fundo de emergência que cubra pelo menos três a seis meses de despesas pode ser uma grande salvação no futuro, possibilitando que qualquer imprevisto, como um problema de saúde ou um reparo urgente na casa, seja pago sem que você precise se endividar.
Gastos impulsivos
Compras por impulso acontecem por muitos motivos, mas elas têm algo em comum: são grandes inimigas do orçamento. A tentação de adquirir algo sem planejamento pode levar a despesas desnecessárias que, acumuladas ao longo do tempo, comprometem a saúde financeira. Uma dica? Adote a regra dos 30 dias: antes de fazer uma compra significativa, espere 30 dias para avaliar se ela realmente é necessária.
Uma dica: olhar sua planilha de orçamento, seu extrato bancário ou sua fatura do cartão de crédito com frequência pode te ajudar a ter mais consciência sobre gastos em excesso ou por impulso, podendo evitá-los no futuro.
Não negociar dívidas
Muitos consumidores não sabem que é possível negociar condições melhores para suas dívidas. Mas esta é uma prática comum. Se você está enfrentando dificuldades para pagar suas dívidas, entre em contato com seus credores para discutir a possibilidade de renegociar os prazos, reduzir as taxas de juros ou consolidar suas dívidas em uma única parcela com condições mais favoráveis. Além disso, considere participar de feirões de renegociação de dívidas, que são eventos organizados periodicamente por instituições financeiras e órgãos de defesa do consumidor para facilitar acordos entre credores e devedores.
Outra prática importante é reavaliar com frequência os serviços que consome, como planos de celular, internet e TV a cabo, sempre se questionando sobre o real aproveitamento daquele serviço e se há opções mais em conta que possam beneficiá-lo.
Pequenas mudanças fazem toda a diferença
Manter a saúde financeira em dia exige acompanhamento, mas, como você pode ver, algumas mudanças simples fazem muita diferença quando há dívidas em excesso. Agora que você já sabe os comportamentos que podem prejudicar o seu orçamento, será mais fácil identificá-los em sua rotina.
Leia também:Como fazer um controle de gastos?
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