Suas contas estão sob controle? Entenda os sinais de alerta do endividamento

Por Itaú

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Mulher fazendo um controle de contas em seu tablet para ver se está com um endividamento excessivo

Talvez você não esperasse ler isso em um conteúdo de educação financeira, mas algo que passa despercebido por grande parte da população é o quanto as dívidas fazem naturalmente parte do nosso dia a dia. Sim, ter dívidas é algo comum, habitual e não necessariamente ruim: afinal, uma compra que você passa no cartão de crédito, por exemplo, já é uma dívida adquirida, que será paga idealmente até o vencimento da fatura.

Desta forma, podemos entender que as dívidas estão na rotina de todos - e quando são planejadas, pontuais e cabem no orçamento, não há problema nenhum nisso. Mas o que acontece quando as dívidas ultrapassam nossa capacidade de pagamento?

Se o montante que uma pessoa ou família toma de crédito excede o que pode pagar, prejudicando seus recursos financeiros, não estamos mais lidando com um quadro saudável. Neste caso, é preciso acionar um alerta: estamos entrando em uma situação de endividamento excessivo, uma condição financeira que compromete a qualidade de vida das pessoas e que exige muito cuidado.

Quais são os sinais do excesso de endividamento?

De forma geral, quando uma pessoa passa por uma situação financeira na qual as despesas superam consistentemente a sua renda pessoal ou familiar, levando a uma condição em que seu bem-estar é ameaçado, podemos considerar que ela está em um quadro de endividamento excessivo. Para começar a entender se este é seu caso, você pode se atentar para alguns sinais, que podem aparecer de forma isolada ou ao mesmo tempo:

  • Compras parceladas, fatura do cartão e parcelas de empréstimos ocupam metade da sua renda mensal ou mais.
  • Sobra pouco dinheiro para lidar com gastos importantes depois de pagar essas parcelas de compras, faturas e empréstimos. Ou seja, você sente uma sensação de aperto e dificuldade de lidar com necessidades básicas por causa das dívidas.
  • Você usa mais de um tipo de crédito ao mesmo tempo para lidar com suas necessidades. Por exemplo, uma pessoa que pegou um empréstimo pessoal para pagar um conserto de emergência no carro e entrou no cheque especial no mesmo mês deveria olhar com atenção seus compromissos para não se enrolar e ficar inadimplente.

Leia também:Como evitar o endividamento?

Contexto do endividamento no Brasil

De acordo com o Serasa, em março de 2024 havia um total de 72,89 milhões de brasileiros em situação de inadimplência – pelo menos 2 milhões a mais do que era registrado no mesmo período de 2023. Juntas, essas pessoas acumulam R$ 387,2 bilhões em dívidas, o que equivale a um valor médio de R$ 1.412,33 por dívida.

Os dados trazidos pelo Mapa da Inadimplência e Renegociação de Dívidas no Brasil mostram ainda que os brasileiros com idades entre 41 e 60 anos representam a maior fatia da população com nome restrito (35,1%). Na sequência estão as faixas etárias de 26 a 40 anos (34,1%), acima de 60 anos (18,9%) e os jovens entre 18 e 25 anos (11,9%).

Dentro deste cenário, o Banco Central (BC) considera que um grupo específico da população tomadora de crédito está mais sujeita a complicações causadas pela inadimplência. A partir de um estudo realizado no ano passado, a entidade percebeu que há uma relação entre o endividamento excessivo e alguns comportamentos e padrões.

Quando uma pessoa tem contas em atraso e usa diferentes produtos de crédito ao mesmo tempo, como o empréstimo pessoal, o cheque especial e o cartão de crédito, por exemplo, há um importante sinal de preocupação sobre o endividamento. Isso porque quem está em uma situação como essa pode ter mais prejuízos ou dificuldades relacionadas à dívida e à dificuldade para quitá-la, como piores níveis de bem-estar financeiro, níveis de poupança mais baixos e menor capacidade de planejamento.

Riscos e consequências do endividamento

Uma pessoa estar em uma situação de endividamento excessivo quer dizer que o excesso de compromisso financeiros, sua possível dificuldade de pagar as dívidas, de tomar decisões financeiras acertadas e sensação de insegurança sobre seu futuro. Tudo isso têm mais chances de trazer prejuízos para a vida pessoal e familiar.

Essa situação restringe a flexibilidade financeira, ou seja, a capacidade de fazer ajustes no orçamento para lidar com diferentes situações do dia a dia, e pode ter impactos profundos e de longo alcance em várias áreas da vida. Por isso, a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) alertou em 2019 sobre os perigos do excesso de endividamento, recomendando que os países ampliassem as medidas de proteção aos consumidores.

Veja algumas das consequências diretas e indiretas de ordem econômica, social e psicológica que uma situação como essa pode trazer:

Econômicas:

Dificuldade para obtenção de imóveis: pessoas com histórico de pagamento com dívidas excessivas podem enfrentar desafios para alugar ou comprar imóveis, já que proprietários e agentes imobiliários frequentemente verificam o crédito como parte do processo de avaliação;

Condições de empréstimo desfavoráveis: além da dificuldade de acessar crédito, quando disponível, ele pode vir com taxas de juros muito mais altas, ampliando o custo total das dívidas;

Perda de bens: em casos de empréstimos com garantia, o não pagamento pode levar à perda de bens importantes como carros ou a casa própria.

Sociais:

Estigma e isolamento social: é comum ter dívidas e isso não deve jamais ser motivo de vergonha. Porém, sabemos que o estigma associado ao endividamento e o julgamento das pessoas ao seu redor pode levar as pessoas que se encontram nessa situação a se isolarem por constrangimento com a situação;

Impacto nas relações familiares: o estresse financeiro é uma causa comum de conflitos em relacionamentos, podendo levar a desentendimentos entre familiares, casais ou ainda influenciar negativamente a educação e o bem-estar dos filhos;

Redução da produtividade no trabalho: a preocupação com as finanças pode distrair e reduzir a concentração e a eficácia no trabalho, afetando o desempenho e até mesmo a segurança no emprego.

Psicológicas:

Estresse crônico: a constante preocupação com dívidas pode levar a um estado de estresse permanente, afetando a saúde física e mental;

Redução da autoestima: a luta contra as dívidas e obrigações financeiras podem resultar em sentimentos de fracasso e baixa autoestima;

Problemas de saúde mental: o endividamento excessivo pode levar ao desenvolvimento de quadros de ansiedade, depressão e estresse pós-traumático (TEPT), especialmente se houver experiências traumáticas associadas à cobrança de dívidas.

A importância do reconhecimento

Se você se identificou de alguma forma com este quadro, tome esta como uma oportunidade para reavaliar suas finanças. Reconhecer os sinais de alerta do endividamento é um primeiro passo importante para sair dessa situação.

Lembre-se de que, independentemente da sua renda, isso pode acontecer. Na falta de uma análise financeira, uma inadimplência eventual pode se transformar em um quadro muito mais complicado sem que você perceba ou controle. Por isso, dependendo do caso, é importante contar com a ajuda de profissionais para esse diagnóstico.

Se estiver sofrendo com as consequências sociais e psicológicas do excesso de endividamento, não deixe também de procurar ajuda de profissionais de saúde mental. Compartilhe seus sentimentos e medos e busque o acolhimento para se fortalecer e conseguir sair deste quadro.

Nos nossos próximos conteúdos, você encontrará subsídios para entender melhor sua situação e quais são as opções possíveis para iniciar seu caminho de recuperação financeira.