Piora da inflação nos EUA coloca em xeque corte de juros no curto prazo

Economia e Mercados: além da nossa revisão de cenário para abril, nesta semana houve a divulgação do IPCA de março no Brasil e do CPI nos EUA

Por Itaú Private Bank

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Crédito: Getty Images/Itaú Private Bank

Enquanto o IPCA de março veio abaixo do esperado nesta semana, a inflação medida pelo CPI nos EUA veio forte e acima das expectativas, postergando a expectativa para um início do ciclo de cortes nos juros pelo Federal Reserve (Fed, banco central americano).

Diante dos dados econômicos mais recentes, divulgamos a nossa revisão de cenário macroeconômico global, considerando os impactos da inflação persistente e da atividade econômica forte, bem como do cenário local, que demanda maior cautela frente ao cenário externo desafiador.

Confira mais detalhes a seguir.

Inflação sobe mais do que o esperado nos EUA

O índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos EUA subiu 0,4% em março, mantendo o ritmo de fevereiro. Em 12 meses, a inflação acelerou para 3,5%, acima da leitura anterior. O núcleo do indicador, que desconsidera os itens mais voláteis, como alimentos e energia, também manteve o ritmo do mês anterior (0,4% na comparação mensal e 3,8% na base anual). Além da leitura acima do esperado, a composição segue menos favorável, com a aceleração do componente de serviços. A combinação de dados de mercado de trabalho e inflação resilientes posterga as expectativas para um início de corte de juros nos EUA.

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BCE divulga decisão de política monetária

O Banco Central Europeu divulgou sua decisão de política monetária, mantendo estáveis as principais taxas de juros, em linha com o esperado. Quanto aos próximos passos, a autoridade constatou que será apropriado reduzir os juros caso a dinâmica da inflação e a força da transmissão da política monetária garantam confiança suficiente de que a inflação voltará para a meta de 2%. Além disso, reiterou a postura dependente da evolução dos dados para determinar o nível e a duração da política monetária restritiva, assegurando que manterá as taxas no patamar atual pelo tempo que for necessário.

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Revisão de Cenário – Global: Inflação alta e atividade forte adiam corte de juros nos EUA

Deslocamos nossa expectativa de início do ciclo corte de juros dos EUA de junho para dezembro deste ano, frente à atividade econômica forte e a inflação persistente, e seguimos esperando três cortes em 2025. Já na Europa, continuamos esperando o primeiro corte de juros em junho, em meio à atividade fraca e moderação da inflação. Na China, a atividade melhorou no primeiro trimestre, mas as incertezas continuam, de modo que mantemos nossas projeções de crescimento do PIB.

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Revisão de Cenário – Brasil: Cenário global mais desafiador, cautela maior

Revisamos para cima a nossa projeção do PIB, para 2,3% em 2024, diante dos dados mais fortes, e para baixo para 2025, para 1,8%. Revisamos para cima a projeção de câmbio para R$ 5,00 por dólar em 2024 e R$ 5,20 por dólar em 2025, diante do aumento de incertezas que pressionam a moeda. Elevamos nossa projeção de IPCA para 3,7% em 2024, com uma composição mais adversa, e para 3,6% em 2025. Por fim, revisamos para cima a projeção da taxa Selic, com desaceleração no ritmo de cortes a partir de junho e terminando o ano em 9,75%, permanecendo neste patamar em 2025.

Confira o relatório na íntegra.

IPCA varia 0,16% em março, com melhora qualitativa

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de março subiu 0,16% no mês, abaixo da expectativa do mercado. O acumulado em 12 meses ficou em 3,93%, abaixo do observado no período imediatamente anterior. Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, seis tiveram alta no mês. O qualitativo dessa divulgação, ao contrário das anteriores, foi melhor do que o esperado, com surpresas baixistas em serviços subjacentes e industriais subjacentes. Para 2024, seguimos projetando IPCA de 3,6%.

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Varejo brasileiro supera expectativas em fevereiro

As vendas no comércio varejista ampliado avançaram 1,2% em fevereiro em relação ao mês anterior, acima das projeções. Na base anual, a alta foi de 9,7%. Já no conceito restrito (que desconsidera veículos, motos, partes e peças, além de material de construção), as vendas subiram 1,0% no mês, superando as expectativas de um recuo. Os dados corroboram a nossa visão de que o forte número de janeiro não foi uma devolução de dezembro ou devido a alguma distorção sazonal. Acreditamos que os precatórios (disponibilizados às famílias) e o aumento do salário-mínimo estão impactando positivamente o varejo.

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Setor de serviços contrai 0,9% em fevereiro

O volume de serviços do Brasil recuou 0,9% em fevereiro, após três resultados positivos consecutivos, segundo a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) divulgada do IBGE. A leitura veio abaixo das projeções do mercado, que esperava uma alta. Na comparação anual, a alta é de 2,5%. O setor de serviços teve um desempenho mais fraco do que o esperado, puxado por transportes e serviços profissionais. Para o próximo mês, no entanto, esperamos uma alta, com os serviços prestados às famílias como destaque positivo.

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Os impactos da alta no preço do petróleo na inflação

O petróleo atingiu o patamar mais alto desde outubro de 2023, para cerca de 90 dólares por barril no início deste mês. Do lado da demanda, a economia global mais forte contribui para preços mais elevados. Já do lado da oferta, há a extensão de cortes voluntários na produção de petróleo da OPEP+, além do maior prêmio de risco por conta do cenário geopolítico (na Ucrânia e em Israel). Fica no radar a possibilidade de eventuais ajustes no preço doméstico, com consequente impacto altista na inflação brasileira.

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